ONU: inteligência artificial reforça desigualdade de gênero na ciência
A inteligência artificial reforça a desigualdade de gênero no mundo da ciência, segundo a Organização das Nações Unidas. Atualmente, um em cada três pesquisadores é mulher, apesar de elas representarem a metade da população mundial. Para alterar esse quadro, a ONU instituiu, em 2015, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências, comemorado no dia 11 de fevereiro.
Em mensagem divulgada nessa sexta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, destacou o papel da inteligência artificial na desigualdade entre homens e mulheres no mundo científico e da tecnologia.
Segundo a agência de notícias Reuters, em 2018, a Amazon descartou um programa de análise de currículos baseado em inteligência artificial depois de descobrir que a ferramenta não classificava mulheres para cargos mais técnicos, como o de desenvolvedor de softwares. Como a maioria dos currículos eram de homens, o programa passou a discriminar as mulheres na hora de selecionar os candidatos.
No Brasil, instituições científicas também celebraram o Dia das Mulheres e Meninas na Ciência. No Amazonas, a diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado, Márcia Perales Mendes Silva, destacou a importância da mulher para diversificar a produção científica-tecnológica.
Já a Fiocruz criou uma programação para as mulheres que vai até o dia 8 de março. A presidente da instituição, Nízia Trindade Lima, defendeu que colocar mulheres em locais de prestígio não é suficiente, pois é preciso também desenvolver políticas que igualem as oportunidades entre homens e mulheres.
Segundo as Nações Unidas, as mulheres representam apenas 28% do total de graduados em engenharia e 40% nas áreas de ciência da computação e informática. Além disso, as pesquisadoras tendem a ter carreiras mais curtas e recebem menos que os homens. Em 120 anos do Prêmio Nobel, apenas 6% dos 947 cientistas premiados eram mulheres.