Operação Fatura Exposta denuncia desvio de R$ 300 mi da saúde no Rio de Janeiro
Operação Fatura Exposta
Publicado em 11/04/2017 - 16:12 Por Lígia Souto - Rio de Janeiro
O procurador da República, Eduardo El Hage, disse, nesta terça-feira, que o esquema de corrupção liderado pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, se “alastrou para todos os setores” do estado. A afirmação foi feita durante coletiva sobre a operação Fatura Exposta, que levou a prisão Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde do governo Cabral, e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. De acordo com o procurador, até o fim do ano, novas fraudes serão reveladas.
Segundo o procurador Rodrigo Timóteo, o esquema criminoso começou ainda em 2002, quando Sérgio Côrtes era diretor do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia e envolvia fraudes em licitações para o fornecimento de próteses. A corrupção se tornou ainda mais “incisiva”, de acordo com a denúncia, a partir de 2007, quando Sérgio Cabral assumiu o governo.
As investigações revelaram que a organização criminosa desviou pelo menos R$ 300 milhões entre 2007 e 2016, já que os contratos firmados no esquema permanecem em vigor até hoje. Já o ex-governador teria recebido pelo menos R$ 16,4 milhões no mesmo período.
Timóteo explicou que houve tentativa por parte de Sérgio Cortez de embaraçar, ou seja, obstruir as investigações. Cortez teria tentado combinar com um colaborador, o teor da delação premiada. O próprio delator, que é ex-funcionário da Secretaria de Saúde, gravou as conversas e entregou às autoridades.
A empresa Oscar Iskin, especializada em equipamentos médicos e próteses ortopédicas, negou, em nota, o envolvimento “em práticas ilícitas”. Disse que ainda não teve acesso aos autos da investigação, mas que, no decorrer do processo, “ficará comprovado que nenhuma irregularidade foi cometida pelo seu sócio-controlador, Miguel Skin, ou por qualquer outro representante da empresa."
Também por nota, o Into informou que todos os seus contratos são precedidos de licitação e reafirmou seu compromisso de manter a população usuária do SUS atendida normalmente. O instituto se colocou à disposição para esclarecimentos pertinentes às investigações.
A defesa do ex-governador Sérgio Cabral informou que não irá se pronunciar sobre o caso.