PF identificou propina disfarçada de doação eleitoral a Cunha e Henrique Alves
O ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, foi preso nesta terça-feira (6), dentro da Operação Manus, um desdobramento da Lava Jato.
O ex-parlamentar é acusado de envolvimento em esquema de corrupção e lavagem de dinheiro numa em um dos estádios que recebeu jogos da Copa do Mundo, a Arena das Dunas, em Natal.
A estimativa é de superfaturamento da obra de cerca de R$ 77 milhões. Foram cumpridos 33 mandados judiciais, sendo cinco de prisão preventiva, seis de condução coercitiva - quando a pessoa é levada para prestar esclarecimentos - e 22 mandados de busca e apreensão, no Rio Grande do Norte e no Paraná.
Segundo as investigações, Henrique Eduardo Alves (PMDB) e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) receberam dinheiro para favorecer duas grandes construtoras envolvidas na construção do estádio.
A Polícia Federal apurou troca de mensagens entre os dois ex-parlamentares e o ex-presidente da construtora OAS Léo pinheiro.
De acordo com um dos responsáveis pelo caso, o procurador Rodrigo Teles, foi identificado o pagamento de propina disfarçada de doação de campanha eleitoral, entre 2012 e 2014.
Os investigadores apuraram que diversas empresas de fachada, criadas para a prestação de serviços eleitorais, foram utilizadas para lavar dinheiro.
Uma delas chegou a receber R$ 9 milhões para campanhas eleitorais e fez um saque de R$ 4 milhões, em dinheiro, na véspera das eleições do segundo turno, em 2014.
A Justiça Eleitoral chegou a rejeitar as prestações de contas da campanha eleitoral de Henrique Alves, em 2014, por irregularidades. Porém, um recurso direcionado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou as contas com ressalvas.
O procurador Rodrigo Teles destacou que as prisões foram decretadas para evitar que os envolvidos prejudiquem as investigações.
A defesa de Eduardo Cunha negou que ele esteja envolvido em qualquer ato ilícito. Procurada, a Carioca Engenharia disse que não vai comentar o caso. A Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e a defesa dos ex-parlamentar Henrique Eduardo Alves não se manifestaram até o horário de publicação da matéria.