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Política

Relatório aponta falhas no projeto de recuperação dos usuários de drogas em SP

São Paulo
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Nelson Lin
30/08/2017 - 20:42
São Paulo

Na tarde desta terça-feira (29), um conjunto de conselhos de classe, entidades da sociedade civil, Ministério Público e Defensoria Pública apresentou em coletiva de imprensa o relatório inédito "Estamos de Olho: Avaliação Conjunta dos Hospitais Psiquiátricos do Projeto Redenção". No relatório, críticas ao projeto “Redenção” da Prefeitura de São Paulo, que pretende recuperar os usuários de drogas na região da Cracolândia, centro de São Paulo.

 

As principais críticas apresentadas no relatório foram a de que, no geral, falta estrutura adequada para o atendimento (há casos da presença de apenas um profissional de saúde para atender toda uma unidade hospitalar), a de que todas as instituições fiscalizadas operam na lógica da recuperação médica somente, através da abstinência e da desintoxicação, sem estrutura clara de acompanhamento familiar, encaminhamento pós-alta, reinserção social e tratamento continuado.

 

Tambem foi notada a ausência de atendimento personalizado aos usuários e aplicação de projeto terapêutico singular nas instituições ferramenta que é considerada, segundo estudos do ramo, essencial para a promoção do cuidado qualificado e digno e com maiores chances de sucesso.

 

Como consequência dessas falhas e da ausência de um programa de recuperação amplo, que envolvesse o social e o familiar, não somente a parte médica, foi observada a grande reincidência de usuários que saíam das clínicas e que voltavam direto para a Cracolândia, e depois da Cracolândia para voltarem às clínicas, num processo que alguns representantes chamaram de “porta giratória”.

 

Fábio, ex-usuário de drogas da Cracolandia, corroborou as críticas apresentadas no relatório no final da coletiva ao dar o seu depoimento falando que presenciou internações forçadas e acrescentou que ele é a grande exceção de um ex-usuário que conseguiu sair da Cracolândia, pois a grande maioria, ao não encontrar estrutura após o tratamento volta às ruas.

 

O coordenador do programa Redenção da prefeitura, o psiquiatra Arthur Guerra, esteve presente e disse que as criticas apresentadas foram pertinentes, prometeu cumprir todos os ajustes que foram apontados. Por outro lado, ele também negou que o projeto Redenção encaminhe pacientes para comunidades terapêuticas e que haja internações involuntárias no programa.

 

Por fim, Guerra prometeu a criação de mais unidades de atendimento e que o programa redenção irá abordar, além do tratamento, a prevenção e a educação dos jovens com relação ao uso de drogas.

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