Com ânimos acirrados, Câmara de Vereadores de SP faz nova audiência sobre Previdência
Cerca de 80 mil pessoas lotaram as ruas de acesso à Camara de Vereadores de São Paulo em protesto contra as mudanças na Previdência dos servidores públicos.
Os sinais de que a manifestação seria grande começaram cedo. De manhã, havia 16 barracas de professores municipais montadas em frente à Câmara. O dobro do dia anterior. Para a professora Valéria Mendes, que dorme em uma delas deste terça-feira (13), a violência gerou solidariedade.
Na quarta-feira (14), uma professora e um estudante foram atingidos no rosto por balas de borracha e outra professora teve o nariz quebrado.
Vidraças também foram quebradas e para evitar invasões, a presidência da casa mandou soldar os portões.
Só pessoas com senha puderam entrar para o salão nobre, onde aconteceu a audiência pública. O cordão de isolamento com o choque da Guarda Municipal irritou a plateia.
A reunião começou com um minuto de silêncio em memória da vereadora carioca Marielle Franco, morta na quarta-feira.
Mas quando o secretário municipal da Fazenda, Caio Megale, começou a mostrar os números que justificam a proposta que eleva de 11% para até 19% o desconto na folha dos servidores municipais para a Previdência, já não dava para ouvir mais nada. A cada informação a plateia gritava palavras de ordem, inclusive sugerindo que o secretário diminuísse o próprio salário para cobrir o déficit da Previdência.
Quem também virou alvo foi o vereador Fernando Holiday, do Democratas e representante do MBL. No dia anterior, ele usou o Facebook para dizer que os servidores eram vagabundos e privilegiados. Foi vaiado várias vezes. Uma professora negra chegou a gritar da plateia que ele, que também é negro, não honrava a própria pele.
Um pequeno tumulto começou a se formar quando o vereador Adilson Amadeo, do PTB, ficou irritado com a professora que perguntou quantas malas de dinheiro os vereadores estavam levando para aprovar o projeto.
Mas apesar dos ânimos aquecidos, a audiência seguiu até o início da noite sem maiores ocorrências e bem mais tranquila que a do dia anterior. Já o projeto de lei deve ser votado na semana que vem. A prefeitura acredita que já tenha os votos necessários para aprovar as mudanças.