O número de candidaturas autodeclaradas indígenas aumentou 59% nas eleições deste ano em relação ao pleito de 2014. Passou de 81 para 129.
Ainda assim, esse número corresponde a apenas 0,46% do total de candidaturas. A maior parte das candidaturas nas eleições deste ano ainda se autodeclara branca.
Os dados constam no levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), feito com base no sistema do Tribunal Superior Eleitoral.
De acordo com o estudo, os estados com o maior número de candidaturas autodeclaradas indígenas são Roraima, com 20 candidaturas, Amazonas, com 17, e Ceará com 10. O único estado que não possui candidatura autodeclarada indígena é Goiás.
Carmela Zigoni, assessora política do Inesc, afirma que apesar do aumento de candidaturas indígenas ser expressivo, é preciso garantir que elas tenham apoio durante e depois da campanha.
Dinaman Tuxá, coordenador executivo da Apib, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, comemora o aumento de candidaturas indígenas. De acordo com ele, a Apib já começou um estudo sobre as candidaturas para contribuir com o processo eletivo dos “parentes”.
De acordo com o censo do IBGE de 2010, cerca de 800 mil pessoas se autodeclaram indígenas no Brasil. Nenhuma candidatura à Presidência da República nas eleições deste ano se autodeclarou indígena. Os candidatos à vice-presidência Sônia Guajajara, do PSOL, e Hamilton Mourão, do PRTB, se autodeclararam indígenas.
Uma das principais preocupações do movimento indígena é a Proposta de Emenda Constitucional 215, que pretende passar o processo de demarcação de áreas indígenas da União para o Congresso Nacional.
As organizações indígenas e indigenistas também têm se manifestado contrárias ao parecer 01 de 2017 da Advocacia-Geral da União. Ele estabelece, por exemplo, que só podem ser demarcadas como território tradicional as terras que estavam ocupadas por comunidades indígenas até 5 de outubro de 1988.