Publicado em 01/03/2019 - 09:00 Por Priscilla Mazenotti - Brasília
O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi condenado a 27 anos e 8 dias de prisão, sendo os sete primeiros anos em regime fechado.
Ele foi acusado pelo Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) de ter fraudado licitações e participado de formação de cartel em obras do trecho sul do Rodoanel e do Sistema Viário Metropolitano de São Paulo, entre 2004 e 2015.
Paulo Preto está preso desde a semana passada, quando foi deflagrada a 60ª fase da Operação Lava Jato. A operação investiga um complexo esquema de lavagem de dinheiro de corrupção praticada com a Odebrecht.
Paulo Preto é apontado como operador de esquemas envolvendo o PSDB em São Paulo. Pelos cálculos da procuradoria, as transações investigadas ultrapassam R$ 130 milhões.
Na decisão que resultou na condenação de Paulo Preto, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, aponta que o réu “tinha plena consciência da ilicitude de sua conduta” e que, “na qualidade de diretor de Engenharia da Dersa, se valeu das facilidades do cargo para o cometimento de diversos crimes, apresentando danos imensuráveis ao patrimônio público e à pessoa jurídica, em sistema sofisticado de fraudes a licitações.
O cartel foi delatado por executivos da construtora Odebrecht, da Queiroz Galvão e da Carioca.
A denúncia aponta que a Odebrecht elaborou duas planilhas: uma, a planilha do “amor” - com as dez construtoras do cartel, mais outras habilitadas - e a da “briga”, para o caso de haver disputa real nos preços entre as empresas do esquema e as demais.
Com “amor”, a obra saía mais cara. Cada lote foi avaliado pela Odebrecht com preços entre R$ 496 milhões e R$ 567 milhões se houvesse sucesso no esquema.
Em caso de “briga”, com concorrência parcial, as propostas ficavam entre R$ 410 milhões e R$ 518 milhões.
Ainda de acordo com a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo, o cartel teve seis fases distintas e começou a ser organizado em 2004, com o fornecimento de material sigiloso da Dersa.
Procurada pela reportagem, a defesa de Paulo Preto informou que não vai se pronunciar.