CPI da Pandemia ouviu Luiz Paulo Dominguetti
Publicado em 01/07/2021 - 17:18 Por Leandro Martins, Repórter da Rádio Nacional - Brasília
A CPI da Pandemia ouviu, nesta quinta-feira, Luiz Paulo Dominguetti, suposto representante da empresa de vacinas Davati Medical Supply e também policial militar de Minas Gerais. Ele foi convocado pela comissão depois de dar uma entrevista a um jornal em que afirmou ter recebido uma proposta de propina para fechar contrato de compra de vacina contra a covid-19, com o Ministério da Saúde.
O depoente contou à CPI que a oferta feita pela empresa Davati era de 400 milhões de doses da vacina da Astrazeneca, ao custo de U$ 3,50 por dose do imunizante. Ele relatou como teria sido o encontro no restaurante em Brasília, no dia 25 de fevereiro, com representantes do Ministério da Saúde, quando ele apresentou a proposta da empresa e recebeu o pedido de mudança nos valores.
Segundo Luiz Paulo Dominguetti, a proposta de propina teria sido feita pelo ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias e o acordo para a compra do imunizante não foi fechado. Ferreira Dias foi exonerado do órgão nessa quarta-feira.
Os senadores questionaram a legitimidade do depoente como negociador internacional de vacinas. Isso porque Dominguetti disse que havia um acordo verbal no qual a Davati o autorizava a representar a empresa na negociação com o Ministério da Saúde.
O senador Marcos Rogério, do DEM, perguntou como o policial militar conseguia conciliar a profissão com essa suposta função. E disse estranhar a informalidade com a Davati, que sequer tem registro dele como funcionário. Já o senador Tasso Jereissati, do PSDB, questionou como uma empresa privada poderia intermediar uma negociação entre a AstraZeneca, um dos maiores laboratórios do mundo, e o governo brasileiro.
O senador Eduardo Braga, do MDB, ressaltou que a empresa Davati é investigada no Canadá por negociar doses da vacina contra o novo coronavírus, em paralelo ao governo local e sem o aval da própria AstraZeneca.
Durante o depoimento, Luiz Paulo Dominguetti exibiu ainda um áudio atribuído ao deputado federal Luís Miranda, do DEM, sobre um possível envolvimento do parlamentar na negociação de imunizantes. Os senadores questionaram a veracidade do áudio e, por causa disso, o celular de Dominguetti foi apreendido e será periciado pela Polícia Federal.
A reportagem solicitou um posicionamento da empresa Davati Medical Supply e, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno.
Edição: Bianca Paiva/ Beatriz Arcoverde