Intercambialidade de vacinas pode ser adotada em situações especiais
Publicado em 28/09/2021 - 12:50 Por Beatriz Albuquerque - Repórter da Rádio Nacional - Brasília
A vacinação contra a covid 19 está bem adiantada no Brasil, com mais de 40% da população adulta completamente imunizada. Mas uma novidade que já vem acontecendo em algumas cidades do país levantou dúvidas: a aplicação de vacinas de marcas diferentes na segunda dose, o que é chamado tecnicamente de “intercambialidade”. Essas medidas adotadas em vários locais estão trazendo muitas perguntas sobre a segurança e eficácia dessa modalidade.
O Ministério da Saúde, de acordo com informações de uma nota técnica, defende que, de maneira geral, as vacinas contra covid-19 não são intercambiáveis, ou seja, as pessoas precisam tomar o mesmo imunizante na primeira e segunda doses. Mas, há exceções: quando não for possível concluir o esquema com a mesma vacina, seja por contraindicações específicas ou por falta de doses, um imunizante de outro fabricante pode ser utilizado.
As mulheres que receberam a primeira dose da AstraZeneca/Fiocruz e que estejam gestantes ou tenham dado a luz recentemente devem receber a segunda dose com a vacina da Pfizer. Caso não haja essa marca disponível na cidade, poderá ser utilizada a Sinovac/Butantan. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, quem receber vacinas no esquema de intercambialidade deve ser orientado sobre as limitações dessa modalidade e os riscos que ela pode oferecer.
Mas qual a segurança técnica da intercambialidade? Os riscos são altos? Essa troca de imunizante na segunda dose garante mesmo proteção conta o vírus? A doutora Flavia Barros, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, explica que o mundo todo enfrenta dificuldade de abastecimento de vacinas. Por isso é muito importante que a intercambialidade seja implementada e estudada para garantir que todos possam se imunizar.
Sobre a segurança, a médica afirma que já há muitos ensaios acontecendo para estudar a eficácia. Para as vacinas da Pfizer e AstraZeneca, existem publicações que garantem que a intercambialidade funciona e é segura. Flavia Barros destaca que os resultados desses estudos são muito positivos.
A Fundação Oswaldo Cruz, que atua em parceria para produção da Oxford/AstraZeneca, recomenda a intercambialidade somente “em caso de emergência”. A farmacêutica Pfizer reforçou as orientações do Ministério da Saúde sugerindo a troca em caso de falta de vacinas ou para gestantes e puérperas. O Instituto Butantan, responsável pela Coronavac, foi procurado pela nossa reportagem, mas não quis se manifestar.
Edição: Leila Santos/Edgard Matsuki