8% de contaminados por covid ficam com o vírus no corpo por 70 dias
Pesquisa da USP sugere testagem para infectados voltarem ao trabalho
Publicado em 17/01/2022 - 21:27 Por Daniel Ito - Repórter da Rádio Nacional - Brasília
Um homem de 38 anos permaneceu com o novo coronavírus sendo detectado em seu organismo durante 232 dias. O caso foi acompanhado por pesquisadores da Plataforma Científica Pasteur-USP.
Os cientistas também identificaram que o vírus da covid-19 realizou mutações dentro do corpo do paciente, durante o período em que permaneceu ativo. Para os pesquisadores, as mutações permitiram que o parasita sobrevivesse por mais tempo às ações do sistema imunológico do hospedeiro.
O homem apresentou sintomas leves da doença durante 20 dias e, depois, ficou assintomático pelos 212 dias posteriores. Durante esse período, ele foi mantido em distanciamento social e com uso de máscaras, para evitar a disseminação do vírus.
O caso fez parte de um estudo com vários pacientes para estudar a atividade do novo coronavírus no organismo humano. O estudo apontou que 8% dos pacientes permanecem com o vírus ativo no corpo até uma média de 70 dias após o fim dos sintomas. Quem explica é o pesquisador da Plataforma Científica Pasteur, Marielton dos Passos Cunha.
Com a probabilidade de que 8 em cada 100 pessoas com covid-19 permaneçam com o vírus ativo no corpo por tanto tempo após o fim dos sintomas, podendo chegar a mais de 200 dias em casos extremos, os pesquisadores da USP afirmam que todos os pacientes deveriam ser testados antes de serem liberados ao trabalho e ao convívio social. Para a coordenadora da Plataforma Científica Pasteur, Paola Minoprio, o isolamento recomendado pelo Ministério da Saúde de 5 dias após o fim dos sintomas não é suficiente.
Agora que os pesquisadores da USP descobriram que o novo coronavírus pode permanecer ativo por muitos dias após o fim dos sintomas, o próximo passo dos cientistas é entender o quão transmissível o vírus pode ser ao longo desse período.
ERRAMOS: A matéria foi alterada às 14h24 de 18/01/2022 para correção de informação. Diferente do que estava escrito, o estudo apontou que 8% dos pacientes permanecem com o vírus ativo no corpo até uma média de 70 dias após o fim dos sintomas, e não 30 dias como estava publicado.