Mortes durante ações policiais no Rio cresceram 43% em abril na comparação com 2019, mostra ISP
As mortes em decorrência de ações policiais no Rio de Janeiro cresceram 43% no mês de abril em comparação a igual mês do ano passado, mesmo com a pandemia do coronavírus e as políticas de isolamento social. O primeiro quadrimestre de 2020 teve 606 mortes por intervenção de agentes de estado, 8% a mais do que no período de Janeiro a abril de 2019.
Os dados são do Instituto de Segurança Pública, o ISP, e se referem a ocorrências lavradas nas delegacias de polícia civil do estado. Outros indicadores, no entanto, apresentaram queda, como os crimes violentos letais e intencionais, que incluem homicídio doloso e latrocínio.
Este indicador caiu 14% na comparação entre os meses de abril e 5% levando-se em conta os quatro primeiros meses do ano.
De acordo com o ISP, os crimes contra o patrimônio também apresentaram queda nas duas comparações. Foram 1698 roubos de carga nos quatro primeiros meses deste ano e 337 em abril. O recuo chegou a 37% em relação ao quadrimestre e de 49% frente ao mês de abril.
Os roubos de veículos e roubos de rua também caíram cerca de 30% nos quatro primeiros meses deste ano e mais de 50% só em abril.
O balanço do ISP trouxe ainda dados relativos ao quadro de isolamento social vivido pela população, por exemplo, com os números de violência contra a mulher. Em abril, houve três vítimas de feminicídio no estado e 15 tentativas de feminicídio.
Os crimes que tiveram mulheres como alvo, e foram enquadrados na Lei Maria da Penha, tiveram um declínio de 51% na comparação abril 2020/abril 2019. Mas ainda houve 1.875 mulheres vítimas de lesão corporal dolosa, ou seja intencional; outras 1522 receberam ameaças e 214 sofreram estupro.
O Instituto reforça que os dados se referem apenas aos registros feitos nas delegacias, e que para um panorama amplo da questão, é preciso levar em conta outras denúncias feitas e não necessariamente são registradas pela polícia civil, em canais como o Disque 180 do governo federal.
O balanço das ocorrências registradas não permitiu também identificar mudança significativa em relação ao perfil das vítimas de lesão corporal e maus tratos durante a quarentena.
Das 2.274 vítimas de lesão corporal dolosa em abril, que notificaram o caso em delegacia, 6,4% tinham menos de 18 anos, porcentagem que chegou a ser de 8,8% no ano passado. Mais de 34% era da faixa entre 18 e 29 anos, 51% tinha idade entre 30 e 59 anos e cerca de 5% 60 anos ou mais.
Em abril foram registradas 57 vítimas de maus tratos, a maior parte delas, 35%, crianças de zero a 11 anos, porcentagem que permaneceu quase inalterada na comparação entre os dois anos.




