Exposição apresenta releitura contemporânea da obra de Mário Lago

Publicado em 22/02/2015 - 14:18 Por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

O Museu Brasileiro da Escultura (Mube) abre espaço para um olhar contemporâneo sobre a vida e a obra de Mário Lago. O ator, compositor e militante político teve poesias transformadas em músicas por diversos artistas, em versões que poderão ser vistas no período de 26 de fevereiro a 22 de março. “Peguei uma série de compositores contemporâneos que ele admirava, conversei com eles e mandei poemas de Mário Lago”, conta o curador da mostra, Mário Lago Filho, sobre as parcerias com músicos como Lenine, Arnaldo Antures, Frejat, Isabela Galeano e Pedro Luís.

A exposição faz ainda uma imersão na vida de Lago e sua relação com a cidade de São Paulo, mesmo nos períodos em que viveu no Rio de Janeiro. “Papai ia a São Paulo desde garoto, pelo menos uma ou duas vezes. Uma viagem de maria-fumaça. Passava uma semana em pensões. Era uma lembrança muito gostosa que ele tinha”, lembra o filho. Mário enfatiza que a capital paulista faz parte das origens da família, descendente de italianos.

Na década de 1950, o ator morou na Praça Benedito Calixto, no bairro de Pinheiros, em uma casa que hoje é um restaurante. “Quando ele trabalhou na Rádio Bandeirantes”, explica o curador. Como filho, lembra também de predileção por um restaurante árabe no centro paulistano, região por onde gostava de vagar pelos bares e conversar com as pessoas. “Ele adorava o Almanara, nunca deixava de ir. Quando a gente ia a São Paulo, passava sempre por lá”.

Foi na capital paulista que Lago viu um dos primeiros shows do grupo Secos e Molhados. “Ele, que teoricamente era uma pessoa conservadora, ficou fascinado por aquela coisa arrebatadora do Ney Matogrosso com um crocodilo nas costas”, relata o filho sobre aquela noite no Teatro Ruth Escobar, no bairro do Bixiga, região de tradição italiana.

O curador explica que devido à personalidade do pai foi difícil encontrar registros desses momentos. “Ele não gostava de guardar pessoas em imagens. Ele guardava na memória, quando contava as histórias. Então, mais ou menos, o que a gente tenta fazer é contar a história”, diz. “Da Rádio Panamericana e da Bandeirantes não existe um registro de áudio dele da época”, acrescenta.

Por isso, a história do artista é contada a partir das poucas imagens que se pode achar, registros dos trabalhos na televisão e das poesias, como os versos musicados por Frejat: “Somei noites e mais noites olhando a lua. Decorei cada estrela que brilhava. Morri mais de uma vez em cada rua. E sempre em cada vez ressuscitava”.

O Mube fica na Avenida Europa, zona oeste paulistana.

Edição: Graça Adjuto

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