RioMarket: ter dados sobre audiovisual é importante para negociar com investidor

Publicado em 07/10/2016 - 22:44 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O setor de audiovisual no Brasil precisa ter dados sobre o seu desempenho para poder negociar com investidores. Esta foi uma das conclusões do debate de lançamento do estudo O Impacto Econômico do Setor Audiovisual Brasileiro, no RioMarket, área de negócios do Festival do Rio, no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O estudo, elaborado pela Tendências Consultoria a pedido da Motion Picture Association (MPA), entidade que representa os seis maiores estúdios de Hollywood em todo o mundo e pelo Sindicato da Indústria Audiovisual (Sicav), com sede no Rio de Janeiro, tem indicadores sobre faturamento, empregos, renda, legislação, distribuição, tributação e ainda tratou dos desafios a enfrentar.

A presidente do Sicav, Silvia Rabello, que foi um dos participantes a defender a necessidade de ampliação dos indicadores do setor, disse que depois que o sindicato apresentou um panorama do setor com dados confiáveis em uma negociação com a Câmara Municipal do Rio e aprovação do prefeito Eduardo Paes, houve a prorrogação da lei que dá isenção de IPTU para as produtoras de audiovisual da cidade do Rio de Janeiro até o ano de 2022.

“Nós conseguimos a renovação da lei, justamente, apresentando os números de emprego, emprego indireto, geração de PIB, o quanto a produção de audiovisual perpassa por todos os elos da cadeia da indústria. Se precisa de marceneiro, de motorista, moda, tecido, calçado, enfim, tudo que se imaginar para se fazer uma produção audiovisual é necessário. Isso convenceu os vereadores e conseguimos a renovação”, disse.

Silvia diz que, no estado do Rio, diante da crise financeira não há como pedir incentivos, mas o setor pode representar uma ajuda para as finanças estaduais. “É o inverso. Hoje o audiovisual pode ajudar o estado a sair da crise, gerando emprego, gerando PIB, recolhendo imposto e usando toda a cadeia produtiva”.

Atividade econômica

Para Sílvia, é preciso que o setor se enxergue como atividade econômica, embora o ativo seja intangível, porque parte é de propriedade intelectual. A presidente recebeu bem a informação do Secretário Nacional de Economia da Cultura do Ministério da Cultura (MinC), Claudio Vasconcelos de que o MinC está preparando o Atlas da Cultura, que vai mapear economia da cultura brasileira em diversas manifestações culturais, como música, artes cênicas, cinema, audiovisual, moda e design.

“O audiovisual dentro da economia de cultura é importantíssimo. Nos Estados Unidos é reconhecido como um dos principais contribuintes do PIB e aqui no Brasil a gente tem essa dificuldade, porque o criativo tem essa dificuldade de se ver como propulsor da economia. É um paradoxo que não tem sentido”, diz Sílvia.

De acordo com Vasconcelo, o setor de audiovisual representa uma indústria limpa e intensiva em capital intelectual, além de ser importante para a inserção do Brasil no mercado internacional. “É uma indústria limpa que não polui, dependente do trabalho humano. Não há máquina capaz de escrever um bom roteiro”, disse.

Vasconcelos disse que no setor de audiovisual, o Atlas vai trazer análises de um segmento que ainda não tem dados precisos, que é o de jogos eletrônicos. Segundo ele, o segmento é tecnológico na forma, mas cultura no conteúdo. Ele disse que, nesta fase inicial, o ministério está fazendo a análise de dados já existentes que farão parte do Atlas para em seguida definir a metologia que vai uniformizar as informações.

“A gente precisa garantir que todos os dados são contados pela mesma metodologia. A gente não pode medir por réguas diferentes porque se não a gente vai acabar comparando banana com laranja. Para que a gente compare os setores de forma coerentes precisa ter uma harmonia metodológica”, disse. No início do ano que vem devem ser divulgados dos primeiros volumes do Atlas.

Consumidor

O secretário de audiovisual do MinC, Alfredo Bertini, disse durante o debate que o ministério fez um acordo de parceria com as universidades federais do Rio Grande do Sul e de Pernambuco e com a Universidade de São Paulo (USP) para a realização da Pesquisa de Consumo de Audiovisual, para conhecer melhor o consumidor.

“A gente precisa conhecer melhor o consumidor. Quando falo da inconsistência das políticas, no plural, que olham para a oferta, não porque fizeram errado, é um estágio, uma etapa. Agora a gente tem que olhar para o consumidor, até porque o momento econômico exige esta percepção pela transformação brutal pela qual o setor de audiovisual passou nos últimos dez ou 15 anos”, disse.

Bertini defendeu que é preciso avaliar a mudança de comportamento do consumidor e do crescimento exponencial das novas mídias, principalmente, com o uso dos serviços de vídeo on demand. Ele disse que o prazo de conclusão do trabalho é de dois anos e até o fim do ano já deve ter os primeiros resultados.

“Não é uma pesquisa de hábitos de consumo. É mais do que isso. É uma pesquisa de caráter sócio-econômico onde a gente possa entender por grau de instrução, nível de renda, faixa etária, o exercício da preferência de cada nicho desses mercados de consumo”.


 

Edição: Fábio Massalli

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