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Museu Nacional comemora 199 anos de criação

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 06/06/2017 - 16:57
Rio de Janeiro

Em comemoração aos 199 anos da criação do Museu Nacional – no dia 6 de junho de 1818, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro – uma programação especial de aniversário foi aberta hoje (6) e se estenderá até o próximo domingo (11).

Exposições, oficinas e visitas guiadas integram as atividades que permitirão aos visitantes fazer uma viagem pela ciência, pela história e pela cultura.

A programação dá início ao calendário oficial de comemorações do bicentenário da instituição, que ocorrerá em 2018, disse Cláudia Rodrigues Ferreira de Carvalho, diretora do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As atividades são destinadas a visitantes de todas as idades. Os ingressos custam R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Para menores de 5 anos e pessoas com deficiência, a entrada é gratuita. Nos dias 9, 10 e 11, a entrada será franca para todas as pessoas.

Período geológico

Destaque na programação, a exposição permanente No tempo em que o Brasil era mar: o mundo há 400 milhões de anos, visto a partir dos fósseis das coleções do Museu Nacional foi aberta hoje (6) à tarde, com enfoque no período geológico devoniano, situado no intervalo de tempo entre 420 milhões e 360 milhões de anos.

“Nesse período, aproximadamente 50% do território brasileiro estavam debaixo de grandes mares rasos, sobre as placas continentais. Boa parte do Brasil, nesse momento, era mar, e a vida proliferava no ambiente marinho. Eram os invertebrados marinhos os seres mais abundantes no país”, disse o curador da mostra, Sandro Marcelo Scheffler, professor do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional.

O foco da exposição são os invertebrados marinhos e seus grupos mais comuns e familiares, como estrelas do mar e conchas de caramujo, e outros mais estranhos, como os trilobitas, que constituem um grupo inteiro de artrópodes que se extinguiu há mais de 200 milhões de anos.

Na exposição, com cerca de 80 amostras de invertebrados fósseis nunca expostas, os visitantes poderão apreciar uma reconstituição de 1 metro de comprimento de um trilobita, cuja espécie tinha originalmente entre 5 e 10 centímetros. “Para o público poder olhar como era esse bicho, pouco familiar à maioria das pessoas”, disse o curador.

A maioria das peças de organismos invertebrados marinhos foi coletada em estados brasileiros como Pará, Piauí, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Elas compõem o acervo do Museu Nacional, mais antiga coleção do gênero da América do Sul.

“Nós temos fósseis de coleções históricas, como a coleção da Comissão Geológica do Império, coletada há mais de 140 anos, no século 19; da Coleção Caster, que representa o maior processo de repatriação já feito de fósseis do Brasil. Voltaram ao Museu Nacional uma tonelada de fósseis, coletados na década de 40 por um professor da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, e que agora estão retornando ao Brasil por doação”, citou.

Segundo Sandro Scheffler, esta é uma boa oportunidade de os visitantes conhecerem como era o Brasil em épocas muito antigas. “Só para ter uma ideia, era (uma época) muito antes do surgimento dos dinossauros, quase 200 milhões de anos antes dos dinossauros.”

Amigos do Museu

Outra exposição inaugurada hoje (6), desta vez de caráter temporário, é a Amigos d'O Museu: 80 anos, que marca a trajetória da Associação Amigos do Museu Nacional, organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos, fundada em 1937. “Talvez seja uma das ONGs mais antigas do Brasil e a primeira associação de amigos do país, da primeira casa de ciência e primeira instituição museológica do Brasil”, destacou a curadora da mostra, Débora de Oliveira Pires.

Após uma trajetória inconstante, a Associação de Amigos do Museu Nacional “reergueu- se, profissionalizou-se e expandiu-se”, disse Débora.

A exposição está dividida em partes. Uma delas apresenta uma grande mesa central, em altura acessível para crianças e cadeirantes, onde os visitantes podem interagir, por meio de toque em uma tela interativa, com todo o acervo do museu. Destaque para um crânio de jacaré-açu(Melanosuchus niger), espécie conhecida por sua mordida mortífera, que foi coletado no Rio Guaporé, em Rondônia.

Já a vida marinha pode ser apreciada por meio do Projeto Coral Vivo, voltado para a conservação e o uso sustentável dos recifes de coral.

A associação conta atualmente com 70 membros. Todos trabalham de maneira voluntária para ajudar a captar recursos para o museu. A entidade tenta obter recursos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para revitalização do Museu Nacional e organização das comemorações do bicentenário.

A mostra ficará à disposição do público até o dia 6 de junho de 2018, quando dará lugar a outra exposição, já dentro da programação do bicentenário.

Carnaval

A Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense lança hoje à noite, oficialmente, seu enredo para o próximo carnaval, que homenageará os 200 anos do Museu Nacional. A solenidade contará com a presença de componentes e integrantes da bateria da escola verde, branco e ouro de Ramos, zona norte carioca.

“Essa participação é um presente que a escola dá também ao museu de a gente poder, de certa forma, ser representado em uma das maiores festas populares do Brasil”, disse Claudia Carvalho.

“A gente entende que exaltar uma instituição como essa, através do desfile de uma escola de samba, é resgatar a cultura nacional, é mostrar o valor do conteúdo histórico do acervo desse museu, por conta da influência da própria imperatriz Leopoldina na formação do Museu Nacional”, disse o carnavalesco da Imperatriz, Cahê Rodrigues.