Gilberto Carvalho rebate dados sobre remoções de famílias por causa da Copa
Cerca de 10,8 mil famílias foram desalojadas para dar lugar a obras da Copa do Mundo, de acordo com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
O número, apresentado hoje (10) por Carvalho em entrevista coletiva no Centro Aberto de Mídia da Copa, contradiz as estimativas divulgadas por movimentos sociais de que aproximadamente 250 mil pessoas foram desalojadas por causa das construções preparatórias do megaevento.
“Fomos a campo verificar se essas pessoas haviam tido a assistência merecida e, ao fazer esse estudo, nos deparamos com um número muito menor que o propalado por entidades e que, de tanta repetição, se tornou uma verdade”, disse. "São números infundados. Porém, mais importante do que o número é cuidar para que nenhuma dessas famílias fique sem a reparação necessária,” acrescentou o ministro.
“É muito grave desalojar uma família, pois não é somente mudar a casa, é mudar o hábito, as amizades. Esse é um tema muito caro e cuidaremos para que nenhuma dessas famílias fique sem a reparação adequada do prejuízo eventual que elas sofreram”.
O estudo do governo mostra que, do total de desapropriados, 7.375 famílias ganham até três salários mínimos e 3.429, mais de três salários mínimos. O maior número de remoções ocorreu no Rio de Janeiro, 2.038, apenas com a obra do Bus Rapid Transport (BRT) Transcarioca. Porto Alegre foi a segunda cidade com o maior número de remoções, com 2.318 famílias desalojadas.
Carvalho voltou a argumentar que o discurso de que o governo desperdiçou dinheiro público com o Mundial em detrimento da educação, saúde e outras necessidades, não é verdadeiro.
"Foram gastos R$ 8 bilhões com estádios, sendo R$ 4 bilhões financiados pelo BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e R$ 4 bilhões investidos pelos estados e municípios. No mesmo período, de 2010 a 2014, foram gastos R$ 800 bilhões em saúde e educação, portanto, cem vezes mais", comparou.
O ministro também reafirmou que as manifestações sociais que vêm ocorrendo no país desde o ano passado são fruto da inclusão e ascensão social da população, que passou a exigir mais. "O pior que existe para um povo é a consciência da exclusão. A inclusão social tornou as pessoas mais conscientes de seus direitos que exigiram um outro padrão de serviços públicos", avaliou.
"O clima de insatisfação e mobilização manifestou-se com a aproximação da Copa. Isso mobilizou um movimento honesto, mas também muitos oportunistas de plantão", criticou. Carvalho disse que não acredita em novas manifestações pós-Copa, sobretudo por causa a proximidade das eleições de outubro. “O embate eleitoral deve galvanizar as atenções”.