Famílias ligadas ao MTST mantêm ocupações em defesa de moradia no DF

Publicado em 09/02/2015 - 20:34 Por Helena Martins - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Acampamento do MTST em Taguatinga, próximo ao Centro Administrativo (Valter Campanato/Agência Brasil)

Acampamento do MTST na região de Taguatinga, próximo ao Centro Administrativo do DF Valter Campanato/Agência Brasil

O barraco de cerca de 1,5 metro quadrado vai abrigar, na noite de hoje (9), Amanda Sampaio e os cinco filhos. Ex-moradora do Sol Nascente, considerada a maior favela da América Latina, ela é uma das 500 pessoas que participam, desde a madrugada de sábado (7), da ocupação de um terreno em Ceilândia, no Distrito Federal (DF), organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Acampamento do MTST em Taguatinga, próximo ao Centro Administrativo (Valter Campanato/Agência Brasil)

Amanda Sampaio ajeita o barraco no acampamento do MTST em Taguatinga, próximo ao Centro Administrativo do DFValter Campanato/Agência Brasil

O espaço pequeno e a falta de infraestrutura e de condições para enfrentar o frio contrastam com o novo Centro Administrativo do DF, localizado a poucos metros da ocupação. Mas o cenário não intimida a jovem de 22 anos. “Eu estou cadastrada há anos [em programas habitacionais] e nada. Agora eu tenho esperança de que vamos conseguir nossas casas”, disse Amanda, enquanto envolve o barraco com uma lona preta.

A situação se repete com muitas das 2.600 famílias vinculadas ao MTST que ocupam, desde sábado, seis terrenos em áreas do Distrito Federal. Elas reivindicam a liberação de um terreno para que o movimento possa construir moradias para todas, por meio do Programa Minha Casa Minha Vida - Entidades.

Já no primeiro dia de mobilização, o MTST se reuniu com o governo do Distrito Federal (GDF) para apresentar as reivindicações. Amanhã (10), uma nova reunião deve ser feita. A integrante da coordenação do movimento no DF Eduarda Maria, de 28 anos, disse que há uma expectativa positiva em relação ao encontro. “Tem que ter uma solução. Não é justo e não é certo jogar as nossas famílias sem solução”, destacou.

Ela lembrou que, antes das ocupações, o movimento fez diversos atos e reuniões, mas as casas não foram garantidas. O desfecho esperado com as ocupações é outro. “Só não queremos que eles joguem todos para um lugar distante e de difícil acesso, porque as pessoas precisam trabalhar também, né? E a gente quer saúde, educação, tudo o que está na lei”, acrescentou.

Músico desempregado, Antônio Magalhães, de 45 anos, é mais um ocupante do terreno na Ceilândia. Ele disse que todos os dias novas pessoas vêm se somando às ocupações, o que evidencia a demanda por casa. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que já em 2012 havia no DF um déficit habitacional de 120 mil unidades.

 Antônio Magalhães, 45 anos, desempregado (Valter Campanato/Agência Brasil)

Acampamento do MTST em Taguatinga, próximo ao Centro Administrativo do DF. Na foto: Antônio Magalhães, 45 anos, desempregadoValter Campanato/Agência Brasil

Segundo Magalhães, além do terreno, o movimento defende a aceleração dos editais de construção de casas em Nova Planaltina e Samambaia, os quais vinham sendo discutidos pelo movimento e o GDF. “Já fizemos o projeto, tudo que é necessário fazer para começar a construção, mas está engavetado”, destacou.

A Agência Brasil procurou o GDF para saber o posicionamento diante das reivindicações do MTST. Em resposta, a assessoria de imprensa informou que a proposta do governo será apresentada na reunião de amanhã e que, por isso, prefere não adiantar nada. A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) também foi procurada, mas não respondeu às perguntas até a publicação desta matéria.

Ainda no sábado, a Secretaria de Segurança Pública do DF estimou que 500 famílias participavam dos atos.

Edição: Aécio Amado

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