Centro de apoio ao trabalho instrui empresas sobre contratação de estrangeiros
Um encontro para discutir a empregabilidade de estrangeiros e informar o empregador sobre formas de contratação de imigrantes e refugiados foi promovido hoje (18) no Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo da Luz (CATe), na região central de São Paulo.
“É um espaço que temos para tirar dúvidas das empresas sobre as formas de contratação e qualificação dos trabalhadores”, disse a gerente de diversidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Luciana Cavalcanti. Segundo Luciana, as orientações se baseiam na experiência dos serviços da prefeitura na intermediação das contratações dos estrangeiros.
A diferença entre migrantes e refugiados foi um dos temas abordados durante as palestras. A coordenadora explicou que o imigrante vem para o Brasil por decisão própria e o refugiado vem porque foi obrigado a deixar seu país por motivos de violação de direitos humanos, guerras ou perseguição política. Muitas vezes, os quadros são de mão de obra qualificada, segundo Luciana. “São pessoas que tem geralmente ensino médio ou superior. Tem qualificação”, afirmou.
Segundo Luciana, os maiores entraves para conseguir empregar essas pessoas são legais e burocráticos. “Tem a questão da documentação, o RNE [Registro Nacional de Estrangeiros] e o protocolo do Conare [Comitê Nacional para os Refugiados]. É diferente até mesmo a quantidade de algarismos de numeração dos documentos, o que, muitas vezes, acaba dificultando até a abertura de uma conta no banco.”
Além de intermediar as contratações, o CATe passou a contratar estrangeiros. Atualmente há cinco refugiados no quadro de funcionários. “A experiência que temos de trabalho deles é excelente”, elogiou Luciana.
Refugiado da República Democrática do Congo, Hidras Eula, de 20 anos, atualmente trabalha no CATe auxiliando no contato com outros estrangeiros. “Tem pessoas que vêm e falam só créole [uma das línguas oficiais do Haiti]. Mas, como falo francês, eu sei como atender a essas pessoas”, afirmou o rapaz sobre a ajuda que dá aos imigrantes haitianos para que superem as barreiras da língua. “A integração no Brasil foi muito difícil, porque minha língua é o francês. Eu cheguei aqui e não sabia falar [português].”
Hidras contou que deixou o Congo por causa da conjuntura política “complicada”. Hoje, pensando em um futuro melhor, Hidras faz aulas na faculdade de audiovisual, depois do trabalho. “Eu nunca pensei que um dia ia ter de trabalhar na limpeza”, disse, sobre seu primeiro emprego no Brasil.