Mulheres transexuais se reúnem em Brasília para debater políticas públicas

Publicado em 11/09/2015 - 20:17 Por Marieta Cazarré – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Trinta mulheres transexuais de diversos estados encerraram hoje (11), em Brasília, um encontro de dois dias organizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, no qual debateram políticas públicas para o segmento. A reunião é uma das etapas de preparação da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que ocorrerá em 2016, e tem como tema “Mais direito, participação e poder para as mulheres”.

Para Rafaela Damasceno, primeira transexual a entrar em uma universidade pública no Brasil, a principal demanda dessas mulheres é a inclusão no mercado de trabalho. “Noventa por cento da população trans no Brasil está no caminho da prostituição. Você vai em um shopping, em uma loja no centro da cidade, você não vê uma transexual trabalhando, mas não é porque as pessoas não queiram trabalhar, é porque não dão oportunidades para essas pessoas trabalharem. Infelizmente existe essa transfobia velada”, disse.

Symmy Larrat, servidora da Secretaria de Direitos Humanos e transexual, afirma que um dos objetivos da conferência é trazer para o debate mulheres que estão “invisibilizadas”. “Mulheres trans, por nascerem com um sexo e se identificarem com o gênero oposto não são vistas pela sociedade como mulheres. E têm, inclusive, o direito de identidade negado pela sociedade no seu acesso a serviços públicos básicos para qualquer cidadão”, afirmou Symmy.

Outra demanda apresentada pelas transexuais é a necessidade de se sentirem respeitadas. “A única coisa que nós recebemos na rua é camisinha e gel. Eu sempre falo que qualquer mendigo pode comprar isso, não era isso que nós precisávamos”, disse Aline Marques, que se prostituiu durante vinte anos e há sete meses conseguiu deixar as ruas e voltar a estudar.

De acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), a participação de transexuais nos processos de construção da secretaria é fundamental para garantir que as cidadãs brasileiras estejam representadas em sua diversidade.

Após esta etapa, serão feitas outras conferências municipais e estaduais. Além das mulheres transexuais, também serão ouvidas mulheres ciganas, quilombolas, indígenas, de comunidades de matriz africana, e com deficiência, entre outras.

Edição: Maria Claudia

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