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Direitos Humanos

Cinco pessoas são detidas por envolvimento na morte de travesti em Fortaleza

Edwirges Nogueira - Correspondente da Agência Brasil
Publicado em 07/03/2017 - 22:07
Fortaleza

Cinco pessoas foram detidas em Fortaleza entre ontem (6) e hoje (7) acusadas de fazer parte do grupo que assassinou a travesti Dandara dos Santos, 42, no dia 15 de fevereiro. O crime ganhou repercussão no último fim de semana após um vídeo com as imagens do crime foi divulgado nas redes sociais.

Dois adultos tiveram prisão temporária decretada nesta tarde (7) e três adolescentes foram encaminhados para a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). A polícia ainda busca uma sexta pessoa foragida. As informações foram divulgadas durante coletiva na sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), na capital cearense.

Dandara morava no bairro Conjunto Ceará, na periferia de Fortaleza, e foi morta no Bom Jardim, que fica próximo ao local. O vídeo revela detalhes cruéis do assassinato: ela foi espancada, colocada em um carrinho de mão e morta com dois disparos de arma de fogo.

O caso está sendo investigado pela 32º Distrito Policial, localizado na região onde ocorreu o crime. De acordo com o delegado Bruno Ronchi, a Polícia Civil já estava de posse do vídeo que mostra o homicídio dois dias depois do crime. “As investigações começaram logo após a ocorrência, e não só após a divulgação do vídeo nas redes sociais”, justificou.

Segundo ele, as imagens ajudaram a identificar os dois adultos envolvidos no crime. Um deles, um conhecido traficante da área, foi quem filmou o assassinato. Além disso, conforme o secretário de Segurança, André Costa, a comoção causada no bairro onde Dandara morava mobilizou a população a auxiliar as investigações. “Ela era muito querida e as pessoas se voltaram contra os praticantes do crime.”

Após a coletiva de imprensa, Costa se reuniu com representantes de entidades de defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) para elaborar um plano de proteção para esta população. “Homicídio sempre é tratado com seriedade, mas, quando envolve ódio e preconceito em razão de orientação sexual, entendemos que tenha maior gravidade”, afirmou o secretário.

Com o caso de Dandara, este é o sétimo crime envolvendo travestis e transexuais no Ceará este ano. Para a presidente do Conselho Municipal dos Direitos LGBT, Labelle Rainbow, esses crimes podem ser identificados como uma violência direta aos direitos dessa população.

“O cenário que envolve a população LGBT no país é de extermínio, de genocídio, e a população de travestis e transexuais é a mais vulnerabilizada. Os números de homicídios são maiores com essas pessoas e são sempre crimes de ódio. Cobramos hoje a elucidação dos casos e políticas efetivas para garantir a cidadania plena e segurança diante dos crimes que ocorreram no estado.”