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Economia

Skaf prevê que 2016 ainda será um ano de dificuldades para a indústria paulista

Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 02/12/2015 - 18:57
São Paulo

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, 2016 ainda será um ano difícil para a indústria paulista. Em almoço com a imprensa na tarde de hoje (2), ele estimou que a “queda da indústria será menor [no próximo ano], mas haverá queda”. “Quando se sai de um ano [2015] com queda muito forte, a queda [em 2016] tende a se menor”, disse Skaf.

“Vamos terminar o ano de 2015 com resultados não satisfatórios. A economia brasileira não foi bem em 2015 e também não tem boas perspectivas para 2016. Vamos ter uma queda na economia este ano de 3,5% e a indústria, em geral, em torno de 6%, enquanto a de transformação, que é a que mais sente, terá uma redução em torno de 9%. Para o ano que vem, a economia tem perspectiva de crescimento negativo novamente, em torno de 2%”, afirmou o presidente da Fiesp. Ele estimou também que a inflação no próximo ano fique em torno de 6% a 7%. Mas, para este ano, a inflação “vai passar de 10%”.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, fala à imprensa depois de audiência com o presidente do Senado, Renan Calheiros, no Congresso Nacional (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, defendeu o ajuste fiscal sem aumento de impostosArquivo/Antonio Cruz/Agência Brasil

Segundo Skaf, o Brasil vive atualmente “uma grave crise política, que afeta a economia”. “Vivemos uma crise política que gera insegurança, falta de confiança. E quando as pessoas e os investidores não têm confiança no governo, isso inibe o investimento e o consumo. E sem investimento e sem consumo, a economia não roda”. Para o presidente da Fiesp, há apenas duas soluções possíveis: ou o governo altera sua atitude ou “a solução é mudar o governo”.

Segundo Skaf, a situação pode melhorar, se o governo fizer um ajuste fiscal em que consiga reduzir seus gastos e despesas. Ele é contrário a medidas que signifiquem aumento de impostos. “A sociedade e as empresas estão fazendo tudo o que pode fazer neste momento de dificuldades, até pela sobrevivência. O problema do Brasil não é do povo brasileiro, dos jornalistas, das indústrias, dos profissionais liberais, mas do governo brasileiro por ser pesado, gastão e sem boa gestão. Em vez de melhorar sua credibilidade economizando, melhorando a governança, melhorando a gestão e eliminando desperdícios, o governo quer mais impostos”, disse Skaf. “Reduziram-se gastos de todos os lados, menos o governamental”, acrescentou.

Skaf, que já foi candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, não criticou apenas o governo federal, mas, também, o governo paulista. “A falta de eficiência não é privilégio só do governo federal”, afirmou, ressaltando que a malha metroferroviária paulista é insuficiente e que há muita demora na construção do metrô e do monotrilho. Ele criticou também a “falta de clareza” do governo na condução do projeto de reestruturação do ensino paulista. “As escolas nas periferias estão lotadas mesmo e, nos centros, há folga. Fazer o remanejamento é alguma coisa que é necessária, mas poderia ter sido explicado melhor para a sociedade e o governador [Geraldo Alckmin] não tem feito isso”.

CPMF

A possível volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) também esteve no cardápio do almoço com a imprensa. A sobremesa servida foi um quindim que estampava a cara do pato que é usada na campanha Não Vou Pagar o Pato contra novos impostos. “A CPMF ou qualquer novo imposto, a Fiesp vai ser radicalmente contra”, disse Skaf.

Mauricio Macri

O presidente da Fiesp informou que deverá se encontrar com o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, na próxima sexta-feira (4), em São Paulo. “Esta visão de economia liberal [do presidente Macri], de menos governo, mais agilidade e mais abertura para economias internacionais estará na pauta do almoço”.