Petrobras espera devolução de mais recursos desviados no esquema da Lava Jato
A Petrobras espera receber de volta mais recursos desviados da empresa no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. De acordo com o presidente da estatal, Aldemir Bendine, até agora, R$ 300 milhões foram devolvidos ao caixa a empresa, mas a perspectiva é que esse valor aumente.
“O valor [R$ 300 milhões] já ingressou no caixa da companhia, mas existe uma série de ações em curso já com valores recuperados que ainda não estão homologados. A gente tem a perspectiva de que, pelo menos, a maior parte deste retorno volte para a companhia porque foi daqui que foi desviado, tirando a parte que cabe a subsídios de todo o corpo judicial que cuida dessa investigação”, disse Bendine em entrevista após a divulgação dos resultados financeiros da empresa em 2015.
Em dois anos, a Lava Jato conseguiu recuperar R$ 2,9 bilhões e repatriar R$ 659 milhões, por meio de 97 pedidos de cooperação internacional. O total do ressarcimento pedido pelo Ministério Público Federal a empreiteiras e ex-diretores da Petrobras chega a R$ 21, 8 bilhões.
Em meio às investigações de corrupção na estatal, a Petrobras fechou 2015 com prejuízo de R$ 34,836 bilhões. Diante do resultado, Bendine informou que este ano não haverá distribuição de dividendos aos acionistas da estatal nem pagamento de participação nos lucros e resultados aos funcionários.
Até o ano passado, segundo o executivo, o pagamento da participação era uma obrigação contratual, com base no acordo coletivo de trabalho, mas foi retirada na última negociação.
Bendine reconheceu o desempenho dos empregados da companhia no cumprimento operacional de suas metas, mas ponderou que é preciso garantir a recuperação da Petrobras. “Nem os funcionários e nem a diretoria farão jus a distribuição de participação, assim como também aos acionistas para preservar o nosso caixa.”
Perspectivas
Para os investimentos em 2016, o presidente da estatal disse que o plano de negócios ainda não está fechado porque a empresa quer trabalhar com cenários mais concretos sobre o comportamento dos indicadores econômicos. No entanto, Bendine adiantou que o total deve ser menor que no ano passado, de cerca de de US$ 23 bilhões. “Provavelmente [haverá] uma ligeira redução, sim”.
Já a previsão de desinvestimentos da estatal para 2016 é alcançar a meta de US$ 14,4 bilhões. O plano de desinvestimentos consiste na venda de diversos ativos da empresa, com o objetivo de reequilibrar o balanço financeiro. Segundo Bendine, as negociações estão se desenvolvendo em ritmo sigiloso, mas intenso. “Nossa carteira é bastante ampla. Os ativos têm demonstrado uma procura muito forte. Alguns já em fase final de negociação, mas sempre preservando o interesse da companhia de não vender nenhum ativo que não seja pelo seu real valor”, explicou.
O presidente destacou, no entanto, que se houver algum “solavanco” no desenvolvimento das negociações, a empresa tem capacidade de caixa para honrar compromissos pelo menos até o fim de 2017, sem necessidade de novas captações no mercado.
“Isso não significa que, tendo oportunidades e janelas ou qualquer tipo de proposta que a gente tenha no mercado e possa alongar prazo e reduzir custo, nós não venhamos a fazer. Não está no nosso radar neste momento, a não ser que apareçam de fato opções vantajosas como foi a mais recente que anunciamos com o Banco de Desenvolvimento da China”, ponderou.