Meirelles diz que não conversou sobre mudança de rating do país com agências
Após teleconferência com representantes das principais agências de classificação de risco, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje (21) que não conversou sobre rebaixamento ou elevação da nota do Brasil. "[Não houve] nenhuma indicação no sentido nem um, nem outro. Evidentemente que seria normal que agências fizessem um relatório de atualização da situação brasileira. Tem muita coisa acontecendo", disse. "Mas, a movimentação de rating não foi discutida. Minha postura é de não influenciar o trabalho deles e nem ser influenciado por isso", enfatizou em coletiva de imprensa.
Nesta quarta-feira (20), o ministro fez reuniões por teleconferência com representantes das agências Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s. Após o anúncio do adiamento para fevereiro da votação, na Câmara dos Deputados, da reforma da Previdência, na última quinta-feira (14), a agência de classificação de risco Moody’s soltou um alerta sobre o impacto da demora na votação na nota de crédito do país. No mesmo dia, o ministro disse que a equipe econômica não está aberta a novas negociações da reforma e que iria esclarecer a situação com as agências de rating.
Para tranquilizar as agências, Meirelles disse que apresentou a condição fiscal e lembrou que o Brasil ainda pode adotar medidas, tanto no curto quanto no médio e longo prazo, para equilibrar as contas. "A questão fundamental é que existem medidas a serem tomadas. Existem medidas que estão sendo estudadas e que poderão ser tomadas, como neste ano, o contingenciamento", disse o ministro.
Ele citou algumas possibilidades como contingenciamento do Orçamento em 2018, como ocorreu em 2017, e novas tributações para aumentar a arrecadação. "Sempre se pode aumentar impostos de outra área", diz e acrescenta: "Não temos, no momento uma decisão, vai aumentar o imposto tal. O que estou dizendo é que existem alternativas que vão ser estudadas pela Receita Federal", disse ao conceder entrevistas a jornalistas, na sede do PSD, ao qual é filiado.
A pasta aposta no adiamento do reajuste dos salários dos servidores públicos federais e na tributação de fundos exclusivos. Caso essas medidas, que terão que ser decididas ainda em 2017, não vigorem, o ministro diz que há alternativas.
Meirelles também se mostrou otimista em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que deverá fechar o ano, segundo previsão do governo, em 1,1%, o que deverá ter impacto na arrecadação.
Além dessas medidas, segundo Meirelles, a reforma da Previdência foi a questão central das conversas. O ministro disse que justificou às agências o adiamento para fevereiro com o argumento de que haverá mais tempo para a discussão e convencimento dos parlamentares. "Concluiu-se que de fato o processo mais adequado é evoluir nesse trabalho e termos a votação com tempo e tranquilidade em fevereiro, que é momento ainda bastante adequado para que haja votação".
Agências
A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores. As agências também atribuem notas aos títulos que empresas emitem no mercado financeiro, avaliando a capacidade de as companhias honrarem os compromissos.
Atualmente, as três principais agências de classificação de risco – Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s – mantém o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento com perspectiva negativa, com a possibilidade de rebaixamento a qualquer momento. O grau de investimento representa a garantia de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública.
Candidatura
Meireilles conversou com a imprensa na sede do PSD, em Brasília. Antes da entrevista, foi exibido o vídeo de propaganda partidária que vai ao ar hoje à noite. Meirelles ocupa cerca de nove dos dez minutos totais da propaganda. Ele afirmou que ainda não tomou uma decisão sobre sua candidatura à presidência nas eleições de 2018 e que isso dependerá, além da disposição pessoal, da decisão do partido, de coligações partidárias, entre outras. A posição nas pesquisas também poderá ser levada em conta.
"Tomarei a decisão no final de março, começo de abril, que é o prazo legal para isso. No momento, estou concentrado no meu trabalho como minsitro da Fazenda", disse Meirelles.