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Economia

Rio: número de municípios com alto rendimento cai entre 2013 e 2016

Nielmar Oliveira – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 28/06/2018 - 17:10
Rio de Janeiro

O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) aponta que 97,8% das cidades fluminenses apresentaram desenvolvimento socioeconômico moderado ou alto em 2016 – taxa superior à média do Brasil que chegou a 76,2%.

O estudo aponta que a crise econômica que atingiu o país, a partir de 2013, fez com que o número de municípios com alto rendimento no estado despencasse nos últimos anos. O estado do Rio de Janeiro fechou 2016 com apenas dois municípios – dos 92 analisados – na classificação de alto desenvolvimento - em 2013, eram 15 cidades nessa classificação. A maioria dos municípios do estado (95,7%) apresentaram desenvolvimento moderado em 2016. O estado não apresentou nenhuma cidade com baixo desenvolvimento.

Divulgado nesta quinta-feira (28) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, com base em dados de 2016, o IFDM 2018 monitora os indicadores sociais em 5.471 municípios, onde vivem 99,5% da população brasileira.

O estudo adota uma escala de avaliação que vai de 0 a 1 - quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento do município. As cidades são divididas em quatro categorias: baixo desenvolvimento (de 0 a 0,4), desenvolvimento regular (0,4 a 0,5), desenvolvimento moderado (de 0,6 a 0,8) e alto desenvolvimento (0,8 a 1).

Análise

Panorama da cidade do Rio de Janeiro com destaque para as montanhas do Corcovado (esquerda), Pão de Açúcar (centro, ao fundo) (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
A capital fluminense caiu no índice de desenvolvimento da Firjan. Em 2013, o município ocupava a 5ª colocação e, em 2016, caiu para 11ª  Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Segundo o coordenador da Divisão de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, o Rio apresentou resultado bastante discrepante em relação a 2013.

“Em 2013, nós tínhamos 15 municípios com alto rendimento e agora, em 2016, temos apenas dois, o que revela o quanto a crise econômica impactou os municípios do estado”, analisou.

“A capital do estado ocupava a 5ª colocação, já em 2016 ocupava a 11ª posição no ranking das capitais, neste caso, influenciado pela vertente emprego e renda”

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Emprego e Renda

O indicador emprego e renda foi o que apresentou o pior resultado, se assemelhando ao observado no cenário nacional. Dos municípios analisados no estado do Rio, 57 (62%) atingiram apenas o desenvolvimento regular, 21 (22,8%) ficaram com baixo desenvolvimento, 14 (15,2%) com desenvolvimento moderado e nenhum atingiu alto desenvolvimento neste índice.

“O que se pode falar do Rio de Janeiro é que o estado conseguiu manter um bom nível nas vertentes de educação e saúde, mas quando a gente vai olhar a conjuntura econômica como um todo, não há como deixar de falar da vertente emprego e renda, que sofreu bastante com a crise econômica”, analisa Goulart.

O economista da Firjan destacou, principalmente, a construção civil, setor que perdeu muitos empregos, tanto em 2015 quanto em 2016. “A Copa e as Olimpíadas foram os dois eventos que deram dinamismo ao mercado de trabalho. O final dessas obras impactaram a economia.”

Saúde e Educação

No quesito saúde, o estudo indica que o Rio de Janeiro apresentou resultado melhor que o observado nacionalmente, com 48 municípios (52,2%) apresentando alto desenvolvimento e 44 (47,8%), classificação moderada, o que significa que ainda não atingiram o patamar desejado no desenvolvimento da saúde básica.

Na comparação com 2015, 51,1% das cidades (47) tiveram redução no IFDM Saúde, impulsionado principalmente pela elevação da taxa de óbito de menores de 5 anos por causas evitáveis.

“Ainda há muito a ser feito nesse campo, uma vez que os números indicam que 10 em cada mil crianças nascidas vivas morreram nestas condições, o que poderia ser evitado com assistência básica de saúde”, diz o economista.

No que diz respeito à vertente educação, o estudo revela que 52,2% dos municípios fluminenses receberam a classificação de alto desenvolvimento e 47,8% apresentaram desenvolvimento moderado, o que significa que “ainda não conseguem oferecer a excelência na educação básica a seus moradores”.

A meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que previa que todas as crianças de 4 a 5 anos estivessem matriculadas na pré-escola até 2016, foi atingida em apenas 26 municípios. Em três cidades, o número de crianças matriculadas não chega a 60%: São Gonçalo (55,6%), Belford Roxo (56,2%) e Barra Mansa (58,2%).

Ranking do estado

Entre os dez municípios fluminenses mais bem avaliados no IFDM, apenas os dois primeiros colocados estão classificados entre os 500 melhores do Brasil: Itaperuna (0,8180 pontos) e Nova Friburgo (0,8089 ponto).

Os primeiros colocados no estado são: Itaperuna, Nova Friburgo, Piraí, Volta Redonda, Rio de Janeiro, Petrópolis, Itaguaí, Resende, Niterói e Carmo.

No que diz respeito ao IFDM Educação, todos os dez municípios atingiram alto desenvolvimento, enquanto no IFDM Saúde nove apresentaram alto desenvolvimento. A exceção foi Itaguaí com desenvolvimento moderado nessa vertente.

Na outra ponta, entre os municípios pior colocados, chama a atenção o baixo desenvolvimento das cidades de Cambuci, Arraial do Cabo, Sumidouro, São Francisco de Itabapoana e Santa Maria Madalena.

Último colocado no ranking, Japeri é, ao lado de Belford Roxo, duas cidades que figuram entre as 10 piores do estado desde a primeira edição do IFDM, em 2005

Os dez municípios com as piores avaliações no estado são: Japeri, Belford Roxo, Queimados, São Francisco de Itabapoana, Sumidouro, Santa Maria Madalena, São Gonçalo, Cambuci, Arraial do Cabo e Varre-Sai.