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Economia

Região Sul tem 76% das famílias endividadas, diz pesquisa

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 04/02/2014 - 17:27
Rio de Janeiro

A Região Sul concentrou o maior número de famílias endividadas no ano passado (76%), contra uma média nacional de 62,5%. O  dado consta do Perfil Regional de Endividamento e Inadimplência 2013, divulgado hoje (4) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O estudo foi elaborado com base na Pesquisa  de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da entidade, de periodicidade mensal.

A economista Marianne Hanson, da CNC, disse à Agência Brasil que o Sul vem registrando  um crescimento acentuado das concessões de crédito, com base em dados do Banco Central para operações acima de R$ 1 mil. Marianne  destacou que, além de a Região Sul ter  mais famílias declarando endividamento, essas famílias demonstram um pessimismo maior  em relação à quitação de suas dívidas, em comparação  às demais regiões do Brasil. Em torno de 8,8% das famílias sulistas se declararam sem condições de pagar contas em atraso. No Brasil, esse percentual caiu de 7,1%, em 2012, para 6,9%, no ano passado.

“A Região Sul não é a região com maior  índice de inadimplência, mas tem o maior índice de famílias que estão inadimplentes e dizem que vão continuar inadimplentes. Elas têm uma perspectiva pouco favorável em relação à sua capacidade de pagamento”. Segundo a economista, o endividamento maior na Região Sul não está ligado a uma taxa de inadimplência alta,  mas está levando as famílias a ficarem mais pessimistas em termos de sua capacidade de pagamento.

A Região Sudeste mostrou o menor percentual de endividados, 56,3%,  e também a menor taxa de inadimplentes (18,8%). “Não só tem um número menor de famílias endividadas, como tem  uma menor proporção de famílias com conta em atraso”. Marianne Hanson esclareceu que isso tem muito a ver com  a parcela da renda comprometida  com o pagamento mensal de dívidas, em torno de 27,8% no Sudeste, contra uma média  no Brasil de 30,2%. “As regiões que têm um maior comprometimento mensal com dívidas são regiões que também têm percentuais de famílias inadimplentes  mais elevados que a média nacional”.

O Centro-Oeste lidera o ranking nacional com o maior número de modalidades de dívidas. Nessa  região, observou-se a maior proporção de famílias com financiamento de casa (9,3%) e de carro (23,3%). “Há um perfil mais heterogêneo de  dívidas e as famílias estão endividadas em muitas modalidades”. Por conta disso, a parcela de comprometimento da renda é mais alto (31,7%), acima da média nacional (30,2%). Contribuem para isso as dívidas com cheque especial (14%) e com crédito pessoal (10,3%), citou a economista.

A modalidade de dívida mais citada pelas famílias  de todas as regiões  foi o cartão de crédito (76,4%), com ênfase para o Nordeste (81,7%). Marianne salientou que desde 2010, o cartão de crédito vem sendo apontado pelas famílias, a cada ano, como o principal tipo de dívida. A segunda modalidade de endividamento mais citada em 2013 foram os carnês, com média no Brasil de 16,9%. O Norte foi a região que concentrou o maior percentual de dívidas por carnês  (45,8%).

A economista da CNC disse que o alongamento do prazo de pagamento permitiu que as famílias acomodassem suas dívidas sem aumentar muito o comprometimento médio com o endividamento. “Isso ajuda a manter  a inadimplência em patamar baixo”. 

Na Região Sudeste, o tempo de comprometimento médio com dívida por mais de um ano  atingiu, em dezembro do ano passado, 31,3% das famílias, sendo mais elevado no Centro-Oeste, no mesmo prazo. “Como tem uma proporção grande de famílias com financiamento de casa e de carro nessa região, a gente tem 43,9% das famílias comprometidas com dívidas por mais de um ano. Por isso, tem um  tempo médio de  comprometimento  maior [7,7 meses]”.

A Região Norte, por sua vez, deteve o maior percentual de famílias inadimplentes (25,9% do total).  A média nacional de famílias com dívidas ou contas em atraso foi 21,2%, o que significa queda de 0,2 ponto percentual em relação a 2012, quando a taxa  atingiu 21,4%. Em 2010, o percentual de inadimplentes no Brasil foi 25%.