Alckmin anuncia interligação de represas para garantir abastecimento de SP
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou hoje (19) a interligação do Sistema Cantareira com a Bacia do Rio Paraíba do Sul. Pelo projeto, será construído canal entre as represas Atibainha, que faz parte do sistema que abastece a grande São Paulo, e o reservatório Jaguari, um dos afluentes do Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro.
Após o processo de aprovação, que deve durar pelo menos quatro meses, as obras levarão em torno de 14 meses para ficarem prontas. O custo estimado do projeto de transposição é de R$ 500 milhões para fazer um canal de 15 quilômetros, entre os municípios Iguaratá, onde está a represa Jaguari, e Nazaré Paulista, onde fica a represa Atibainha.
Segundo Alckmin, a ideia não é simplesmente retirar água da Bacia do Paraíba do Sul para abastecer o Sistema Cantareira. Será construído um sistema de bombeamento de “mão dupla”, assim, quando um dos reservatórios tiver excedente de água, o volume será enviado para a outra represa. O objetivo é “interligar os sistemas, as bacias hidrográficas e os reservatórios, buscando maior sustentabilidade e segurança hídrica”, ressaltou o governador. Pela proposta, o Sistema Cantareira deve começar a receber águada bacoa hidrográfica quando o nível dos reservatórios estiver abaixo de 35% da capacidade de armazenamento.
A proposta não é, entretanto, uma resposta imediata à crise pela qual passa o Sistema Cantareira. O conjunto de cinco reservatórios, responsável pelo abastecimento de quase 9 milhões de pessoa na região metropolitana de São Paulo, apresenta os piores níveis dos últimos 40 anos. Hoje (19), o nível das represas caiu para 14,7% da capacidade de armazenamento.
“Isso nada tem a ver com o problema de agora”, ressaltou Alckmin sobre a situação do Sistema Cantareira. De acordo com o governador, até o final de junho deverão ser finalizadas as obras que vão permitir o uso do chamado “volume morto”, o nível de água que fica no fundo dos reservatórios e não é alcançado pelo sistema de bombeamento. “Estamos preparados com a reserva técnica de 400 milhões de metros cúbicos (m³). A Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo] já fez todo o trabalho para, se necessário, no inverno, retirar até 196 milhões de m³”.
Para viabilizar o projeto de interligação, o governador esteve ontem (18) com a presidenta Dilma Rousseff. Como se trata de um rio de jurisdição federal, que além de abastecimento também serve a uma hidrelétrica, é necessária a aprovação da Agência Nacional de Águas (Ana) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Alckmin disse ainda que apresentou a proposta aos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e de Minas Gerais, Antonio Anastasia.
Alckmin descartou a possibilidade de a retirada de água do Rio Paraíba do Sul prejudicar o abastecimento no Rio de Janeiro, ou reduzir a qualidade da água. Segundo ele, a Sabesp tem se empenhado para tratar os efluentes lançados do rio. “Nós vamos terminar o ano com os 24 municípios [que ficam ao longo do Paraíba do Sul] operados pela Sabesp, com 100% de esgoto tratado”, disse. O governador acrescentou que em caso de retirada de água, será mantida vazão mínima capaz de garantir o abastecimento dos municípios atendidos pelo Paraíba do Sul.
A interligação das bacias era um projeto previsto para ser executado em 2020, mas, segundo Alckmin, foi antecipado por causa dos efeitos das mudanças climáticas.