Comerciantes pedem à prefeitura garantia de permanência Rua da Carioca

Publicado em 09/04/2014 - 15:56 Por Vinícius Lisboa – repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Comerciantes da Rua da Carioca, no centro do Rio, marcaram para amanhã (10) um novo protesto e pedir a intervenção da prefeitura no impasse com o Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário, que adquiriu cerca de 20 imóveis no lado ímpar da rua. Os lojistas reclamam que os preços dos aluguéis dos imóveis locais tiveram aumentos maiores até do que 100%, o que inviabiliza a manutenção de estabelecimentos que são parte de uma área histórica da cidade.

"Vamos ocupar a rua com uma banda com marcha fúnebre e um caixão de dois metros. A loja Guitarra de Prata já foi despejada, mas queremos ver se o prefeito compra o imóvel para evitar o despejo. Vamos fazer um apelo à prefeitura e organizar um abaixo-assinado", disse o presidente da Sociedade de Amigos da Rua da Carioca e Adjacências, Roberto Cury. 

Há 127 anos no mesmo ponto, a Guitarra de Prata, uma das mais antigas lojas de instrumentos musicais do país, ocupava o casarão 37 da rua. O estabelecimento, no entanto, estava instalado em um dos nove prédios tombados pela Prefeitura do Rio em junho do ano passado, quando foi criado o Sítio Cultural da Rua da Carioca. No decreto, a prefeitura preservou não só os casarões, como também a atividade econômica, garantindo que as lojas continuem nos imóveis que ocupavam.

"Os alugueis estão aumentando muito. Tem loja que pagava R$ 8 mil, e o Opportunity está pedindo R$ 18 mil. No número 43, eles estão pedindo R$ 40 mil de aluguel, mais uma luva de R$ 400 mil para assinar o contrato", queixou-se Cury.

Na Rua Carioca desde 1887, o Bar Luiz é outro que alega dificuldades para pagar o aluguel. Diante do risco de o bar fechar as portas, a Prefeitura do Rio decidiu desapropriar o imóvel comprado pelo fundo, e vai cobrar "um aluguel que permita à família manter aberta e funcionando esta que é uma verdadeira instituição carioca". A medida ainda não foi estendida aos demais imóveis, incluindo a Guitarra de Prata, e, segundo a prefeitura, cada caso será analisado.

O fundo Opportunity comprou os imóveis da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, e uma das reclamações dos inquilinos é que eles não tiveram preferência na venda, que foi feita em conjunto, somando um valor impagável pelos locatários.

Segundo o Opportunity, a venda foi feita em blocos porque a Ordem Terceira precisava de um montante que quitasse suas dívidas. Ao comentar o assunto, o fundo disse que os imóveis estavam muito mal conservados e os aluguéis cobrados, abaixo do valor justo, o que causou dificuldades à instituição religiosa. "Deve-se ressaltar que os aluguéis pagos anteriormente à Ordem por alguns locatários deixaram a instituição religiosa em situação de insolvência e sem condições de viabilizar seus projetos beneficentes."

O  fundo alegou também é que os inquilinos estão tentando usar a imprensa para justificar a falta de pagamento do aluguel, "sob o pretexto da preservação da memória da cidade, o que não corresponde à verdade dos fatos dada a má-conservação de imóveis no local".

Edição: Nádia Franco

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