Estrangeiros envolvidos com pedofilia serão impedidos de entrar no país

Publicado em 22/05/2014 - 14:59 Por Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Atualizado em 22/05/2014 - 20:07

Estrangeiros condenados ou envolvidos em denúncia relacionada à pornografia ou exploração sexual de crianças e adolescentes não poderão entrar no Brasil. A regra, prevista em portaria assinada hoje (22) pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, já será aplicada aos torcedores que vierem para a Copa do Mundo.

De acordo com o ministro da Justiça, o Estatuto do Estrangeiro prevê a possibilidade de barrar a entrada de pessoas condenadas em outros países. Com a portaria, o Brasil amplia a restrição. “Estamos ampliando o universo de informações acerca disso, e organizando uma estratégica clara de impedir que pessoas envolvidas com pedofilia entrem no território nacional não só no período da Copa, mas depois dela”, disse Cardozo.

A partir de agora, para autorizar a entrada de estrangeiros no país, além da consulta ao banco de dados da Interpol – que mantém um cadastro específico de pessoas condenadas por crimes sexuais – os agentes da imigração irão consultar dados da Polícia Federal e denúncias feitas ao Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos.

“É uma política muito importante barrar a entrada não só dos condenados por crimes de violência, pedofilia, abusos contra crianças e adolescentes em outros países, mas também aqueles que possam, a partir de suspeitas, processos de investigações e informações recebidas pelo Disque 100, ser impedidos de entrar no país”, acrescentou Ideli Salvatti.

Segundo a ministra, o Dique 100 estará de plantão durante a Copa do Mundo para receber eventuais denúncias da prática de exploração sexual de crianças e adolescentes, que serão usadas para impedir a entrada de estrangeiros envolvidos com esses crimes. “Será um legado importante de repressão a esse tipo de crime”, disse Ideli.

O ministro da Justiça informou que a regra valerá para estrangeiros com visto de entrada e os procedentes de países dos quais não é exigida autorização antecipada para ingresso no país. “Mesmo que a pessoa tenha visto, ela poderá ser barrada ao tentar entrar no Brasil, se as nossas informações mostrarem que ela está envolvida em atos de pedofilia. Mesmo nos casos dos países em que seus cidadãos não precisam do visto haverá controle. Não permitiremos que condenados ou pessoas envolvidas em atos dessa natureza possam entrar no território brasileiro”.

Após a cerimônia, Cardozo rebateu as críticas do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência, à política de segurança pública do governo federal. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Aécio diz que o governo é "criminosamente omisso" em relação às ações da área. Ele defendeu mudanças na forma de repasse de recursos federais aos estados, para que cada governador saiba "a cada mês com quanto vai contar do governo federal".

Segundo Cardozo, o ministério tem firmado parcerias com estados para melhorar a gestão dos recursos. "O ministério não é Casa da Moeda. Ele faz parceria como os estados para induzir políticas, estruturando polícias, fazendo treinamento, como fazemos em Alagoas. Firmamos parcerias e não somos meros repassadores de recursos. Isso é muito pobre".

Na entrevista, Aécio informou que, se eleito, pretende mudar o nome da pasta para Ministério da Justiça e da Segurança Pública, que teria a função de coordenar as políticas da área.

Cardozo disse que ficou surpreso com as declarações do pré-candidato. "Fico supreso como um parlamentar que tem uma atuação tão pífia em segurança pública, como o senador Aécio Neves, acusa alguém de omissão. Ele praticamente não teve nenhum projeto de lei, enquanto deputado, nessa área. Como senador, dois projetos muito pueris acerca desta questão".

 

* Texto atualizado às 20h07 para acréscimo de informações

Edição: Beto Coura

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