Tecnologia é aliada no troca-troca de figurinhas da Copa do Mundo
Trocar figurinhas da Copa do Mundo já é coisa antiga, desde 1970, especificamente, quando a Panini publicou o primeiro álbum do Mundial. A novidade agora é o uso de tecnologias e das redes sociais para promover encontros de colecionadores e até mesmo para vender ou trocar figuras de jogadores com pessoas de diferentes cidades. A Panini, editora que detém os direitos exclusivos de produzir e vender o álbum oficial da Copa, também lançou este ano um aplicativo para smartphone que ajuda o colecionador a acompanhar virtualmente as figurinhas que faltam para completar o álbum.
No Rio de Janeiro, a geofísica Fernanda Carneiro Oliveira, de 25 anos, foi a primeira do grupo de 30 colegas de trabalho a conseguir completar o álbum. A estratégia do grupo foi usar o serviço WhatsApp, uma rede social de troca de mensagens instantâneas pelo telefone, via internet, para combinar as últimas trocas. “No trabalho, outros amigos, na academia, a todo lugar as pessoas chegavam com os pacotes, com as repetidas, muita gente se envolveu. Eu completei meu álbum no meu prédio do trabalho, a gente almoçava rápido e trocava figurinha no intervalo de almoço. Como eram muitas pessoas no andar [colecionando] a gente trocava muito.”
Para ela, o grande número de pessoas montando o álbum se deve ao fato do evento ocorrer aqui. “Esse ano bati meu recorde, montei dois álbuns no mesmo ano, o outro foi o Brasil de Todas as Copas, que eu achei até mais bonito que o da Copa mesmo. Nas outras copas eu não montei, faz muito tempo que eu não monto, acho que a empolgação é mais por ser aqui."
O álbum simples da Copa custa R$ 5,90, mas muitos são distribuídos gratuitamente, estimulando a coleção. A edição de luxo, com a capa dura, custa R$ 24,90. Cada pacote de figurinha, com cinco unidades, custa R$ 1. Considerando que são 640 figurinhas de estádios, símbolos da competição, brasões, foto do time e todos os jogadores das 32 seleções participantes, além de nove figurinhas de propaganda de patrocinadores, encontradas também nos pacotes à venda, o mínimo que cada pessoa gasta para completar o álbum gasta é R$135,90. A procura pela edição de luxo, segundo a Panini, foi tão grande que a editora precisou providenciar uma reimpressão para abastecer o mercado.
Uma opção mais em conta para os colecionadores é o álbum virtual, serviço gratuito que já conta com cerca de 1,15 milhão de adeptos, que já movimentaram mais de 41 milhões de pacotes e trocaram 50 milhões de figurinhas. O álbum online tem 391 cromos.
O servidor público de Brasília, Gustavo Araújo, de 29 anos, além de ir às bancas, também usa as redes sociais para trocar seus cromos. “Existem grupos dos álbuns no facebook que permitem isto. Pessoas de cidades de interior que tem pouca gente colecionando ou onde não se encontram figurinhas facilmente nas bancas têm que recorrer aos Correios para trocar com pessoas de outros estados e até comprar ou vender figurinhas. Tudo combinado por Facebook.”
Apesar de usar esse canal de troca, Gustavo diz que o álbum virtual, também lançado pela Panini, não o empolgou. “A troca de figurinhas do virtual é automático, você nem vê a cara da pessoa, não negocia, não tem muito a sensação de conquista pelas figurinhas. O físico, a gente pode guardar e mostrar futuramente para pessoas que nem nasceram ainda.”
Mesmo com a ternologia à disposição, ir à banca para comprar ou trocar figurinhas ainda é a melhor opção para os mais velhos. Na Rua Uruguaiana, no centro do Rio de Janeiro, o aposentado que se identificou como Zequinha Tricolor, de 80 anos, disse que vai ao local uma vez por semana para trocar figurinhas. Depois de completar o próprio álbum, está ajudando oito crianças da rua onde mora, em Pedra de Guaratiba, na zona leste. De acordo com ele, no bairro não há pontos de troca.
“É uma diversão, eu não bebo, não jogo, não posso mais conquistar mulher nenhuma com a idade que eu estou, então meu hobby é figurinha e ver os jogos do Fluminense, que é minha paixão. Eu venho ao centro só para isso”, conta. Ele diz que monta álbuns da Copa há 20 anos e que tem uma estratégia para não gastar muito dinheiro. “Eu compro R$ 50 de figurinha no começo, são 250 figurinhas. Eu não colo no meu álbum e vou trocando, aí vem um amigo meu que está faltando quatro, cinco figurinhas, eu dou uma e pego quatro ou cinco. Aí chega a um certo ponto eu ligo para a Panini e elas mandam as mais difíceis. Este ano nem pedi, foi o primeiro ano que eu completo sem pedir”, comemora.