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Ministra dá nome de Rose Marie Muraro a prêmio para feministas de destaque

A escritora morreu no último dia 21
Cristina Indio do Brasil* – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/06/2014 - 15:06
Rio de Janeiro
Rose Marie Muraro
© Divulgação/Instituto Rose Marie Muraro

Rose Marie Muraro

A  escritora  Rose  Marie  Muraro, que morreu ontem, aos 83 anosDivulgação/Instituto Rose Marie Muraro

A ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, participou neste domingo (22), no Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju, de cerimônia em homenagem à escritora e feminista Rose Marie Muraro, que morreu ontem (21) de câncer.

Ela informou que, na última semana deste mês, será lançado o Prêmio Feministas Históricas para contemplar as que se destacaram na luta pelos direitos das mulheres e hoje têm mais de 75 anos. O prêmio, uma parceria entre a Secretaria de Políticas para as Mulheres e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, receberá o nome da escritora, por determinação da ministra.

Na cerimônia em homenagem a Rose Marie, a ministra demonstrou tristeza pela perda da amiga, dizendo que ela se foi, mas deixou o exemplo de sua vida. "Estou triste porque perdi uma amiga, porque sou amiga dela há muito tempo, e uma companheira, pelas mulheres terem perdido, e pelo  Brasil ter perdido esta grande mulher.”

Eleonora ressaltou o legado extraordinário de Rose Marie com a publicação do livro Sexualidade da Mulher Brasileira - Corpo e Classe Social, que considera um marco em uma questão fundamental, que é a relação de classe social e sexo. “Foi uma pesquisa feita no Nordeste e no Sul, e foi um marco. Como O Segundo Sexo [livro da escritora e feminista francesa Simone de Beauvoir], [a obra de Rose Marie] foi um marco. Aquele livro foi um marco também, porque cruza a discriminação de sexo, de gênero, com classe social, e ela mostra que as mulheres pobres e trabalhadoras deste país sofrem muito mais a discriminação sobre o corpo e a sexualidade”, ressaltou a ministra.

Ela destacou ainda a vontade de viver “com toda força” e a ousadia de Rose Marie Muraro para ampliar e fazer valer os direitos das mulheres. Ela lembrou que a escritora lutou todo o tempo pela democracia no país: “Participou do Partido dos Trabalhadores, foi defensora árdua das políticas sociais do [ex-]presidente [Luís Inácio] Lula [da Silva] e da presidenta Dilma [Rousseff], e achava que o Brasil ter conseguido eleger uma mulher para a Presidência foi uma mostra para o mundo de como nós estávamos mostrando o protagonismo das mulheres.”

Eleonora Menicucci acrescentou que Rose Marie demonstrou também muita determinação na vida e enfrentou uma deficiência visual. “Desde pequena era cega, e não deixou de estudar, não deixou de escrever, não deixou de ler. Isso é muito importante, como exemplo para as pessoas com deficiência. Ela era uma mulher com deficiência, e mostrou que é possível vencer”, afirmou.

Para a ministra, uma forma de homenagear a escritora é lutar para que as mulheres tenham o mesmo direito dos homens em todas as esferas da sociedade, com trabalho e salários iguais. “Que a gente melhore a vida das mulheres dentro e fora de casa e, sobretudo, que a luta das mulheres seja uma luta junto com a consolidação da democracia brasileira, e não termos medo das escolhas que cada uma faz”, completou.

Rose Marie Muraro participou do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher desde a sua criação, em 1985, e só se afastou, em 2012, por causa do tratamento do câncer.

Ainda pela manhã, a ministra divulgou nota de pesar pela morte da feminista e escritora Rose Marie Muraro, que faleceu ontem (21) aos 83 anos, vítima de câncer. Na nota, lembrou das lutas vividas com Rose Marie, de quem foi amiga, e afirmou que aprendeu muito com a escritora que foi referência para ela. Um ícone do feminismo “que ousou desafiar os costumes da sociedade em que viveu e contestar o pensamento sexista com sagacidade e inteligência" Também ressaltou que mulheres como Rose Muraro contribuíram para fazer do país "a democracia que ele é hoje”.

*Colaborou Raquel Júnia, repórter da Rádio MEC e da Rádio Nacional