Desabamento de prédios no Rio completa três anos ainda com vítimas desaparecidas
O desabamento do Edifício Liberdade – de 20 andares, que caiu com os prédios vizinhos Colombo, de dez pavimentos, e 13 de maio, de quatro, no centro do Rio, provocando a morte de 17 pessoas – completa hoje (25) três anos, ainda com alguns aspectos sem esclarecimentos. Até agora, não se tem notícia sobre a localização de cinco corpos de pessoas que trabalhavam no local. Vítimas e parentes reclamam que ainda não receberam indenizações. Além disso, há suspeita de que o número de vítimas tenha sido maior.
Presidente da Associação de Vitimas do 13 de Maio, Antônio Molinaro, que tinha um consultório odontológico no Colombo, informou que 21 fragmentos de corpos continuam no IML sem identificação. "Parentes das 22 pessoas, 17 que morreram e cinco não encontradas, doaram DNA para os exames. Então, ainda têm 21 fragmentos que não são compatíveis com as vítimas. Hoje, sabemos que morreram mais do que 22 pessoas. Onde estão as cinco pessoas? Ninguém questiona isso?"
Molinaro acrescentou que os integrantes da associação querem que o governo do estado e a prefeitura do Rio se responsabilizem pela retirada do entulho do desabamento, que, segundo ele, foi levado à época para o Aterro Sanitário de Gramacho, na Baixada Fluminense.
O dentista revelou que viu vários objetos em carros dos bombeiros. Ressaltou que, ao buscar explicações, chegou a ser preso acusado de estar suspeitando dos profissionais da corporação. Ainda hoje ele questiona o destino dos objetos. "Vi uma caminhonete dos bombeiros cheia de coisas. Onde estão as coisas que eles disseram que não estavam roubando e estavam guardadas?"
Um dia antes de completar um ano do desabamento, o síndico do Edifício Liberdade, Paulo Renha, morreu sem ter a causa divulgada. Ele era acusado de ter liberado a realização de uma obra pela empresa TO Tecnologia Organizacional, no terceiro e nono andares do prédio.
Segundo a polícia, a obra pode ter provocado o colapso estrutural, com a retirada de paredes de algumas das salas. Na denúncia, encaminhada em 24 de janeiro de 2013, o promotor Alexandre Murilo Graça deixou de denunciar Paulo Renha por causa da morte do síndico, mas apresentou denúncia contra Sérgio Alves de Oliveira e Cristiane do Carmo Azevedo, da TO, por agirem com imprudência. Eles eram os responsáveis pelas obras que não passaram, conforme o promotor, por análise técnica e autorização da prefeitura.
De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, o processo está em fase de alegações finais. Depois disso, será encaminhado à Justiça. Antônio Molinaro está descrente com o andamento do processo. "A gente está esperando a Justiça. Os advogados dos causadores da queda dizem que eles não são culpados. Pelo que li e entendi, isso vai dar em nada. Se der em alguma coisa, recorrerão a outras instâncias. As pessoas que estavam nos prédios sofreram duas tragédias. A primeira foi a queda e a segunda é a espera de justiça. Não sei qual é a maior", concluiu.