Ato contra homofobia reúne centenas em praça do Rio
Centenas de pessoas se reuniram na noite de hoje (27), na Praça São Salvador, em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, para um ato contra a homofobia, que contou com batucada, teatro, projeção de frases contra a homofobia e beijaço de casais homoafetivos. Eles jogavam muita purpurina, com gritos de "olê, olê, olê, olá, se a violência não acabar, na praça eu vou beijar".
A manifestação foi marcada após uma agressão ocorrida na madrugada do dia 1º de março, quando dois jovens jogaram uma garrafa em um casal homoafetivo que se beijava no local e direcionaram xingamentos. Outros casais que estavam dentro do Bar Casa Brasil reagiram com um beijaço e começou grande confusão, na qual foram atirados copos e garrafas.
Membro do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual, Victor Comeira explica que o protesto desta sexta foi direcionado ao bar, porque o estabelecimento, na avaliação dos manifestantes, falhou em garantir a segurança dos frequentadores. "O protesto é contra a LGBTfobia e também contra o estabelecimento, porque a postura deles foi irresponsável por continuar o serviço de bar com os instrumentos de vidro que eram usados como arma".
O representante jurídico do bar, Marcos Fontenele, nega que o estabelecimento tenha tido alguma responsabilidade no episódio. "Não procede, é inimaginável que a gente desse copo para agredir outras pessoas. Algumas vezes as pessoas saem da mesa e vão fumar um cigarro lá fora, porque aqui dentro é proibido, e levam os copos".
Ele explica que a casa mudou o procedimento depois da confusão. "A partir de agora está vedado, se sair vai levar copo de plástico. Os dois grupos estavam aqui dentro, mas a confusão se deu lá na praça. O nosso posicionamento é contra qualquer tipo de discriminação. Colocamos aqui uma faixa de apoio à manifestação, coloquei uma nota na página da manifestação".
O psicólogo Eliseu de Oliveira Neto citou dados do Grupo Gay da Bahia, segundo os quais em 2014 foram registrados 326 assassinatos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros no país, dos quais 22 no Rio de Janeiro.
"É muito importante ver a sociedade civil se mobilizando, protestando, participando de um evento como este, dizendo que chega, que a gente não aguenta mais ficar escondido, que a gente agora tem coragem de vir para a rua, de enfrentar, mostrar, tem toda uma população relegada ao preconceito, ao crime, à humilhação. Não é só morte, mas uma humilhação simbólica de não poder se beijar, se tocar, estar próximo do outro, e isso tem que ser combatido", ressaltou.
Na manifestação também foi lançada a plataforma online Tem Local, que pretende mapear os locais onde ocorrem atos de agressão e homofobia. "A gente está em contato com São Paulo, para estabelecer o mapa da homofobia, onde as agressões têm se concentrado, para poder fornecer essas informações tanto para que as autoridades combatam quanto para que a comunidade LGBT [lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros] saiba onde estão, para poder garantir a sua segurança, já que a segurança do Estado está tão precária", destacou Victor Comeira.