PM começa a substituir o Exército para instalação de UPP na Maré
A Polícia Militar (PM) deu início, nas primeiras horas de hoje (1°), ao processo de substituição das tropas do Exército que ocupam o conjunto de favelas da Maré, na zona norte da capital fluminense, por policiais militares que vão atuar nas unidades de Polícia Pacificadora (UPP) na região. Inicialmente, estão sendo ocupadas pela PM duas das 16 comunidades: a Praia de Ramos e Roquette Pinto. Para os moradores, a rotina foi normal e não houve nenhum tipo de confronto, apreensão ou prisões.
O processo de transição será feito por etapas. Os cerca de 3 mil homens da Marinha e do Exército que ocupam a Maré há um ano vão deixar definitivamente a região no dia 30 de junho, quando a PM assumirá de vez a segurança no complexo. Ao todo, quando a substituição for concluída, haverá 1,6 mil policiais em ação em todas as bases das unidades, que serão estruturas físicas montadas à medida que a polícia for ocupando o território.
As comunidades ocupadas hoje têm uma característica de localização estratégica devido à proximidade com a Avenida Brasil, a Linha Vermelha, o acesso ao aeroporto, a Linha Amarela e a Baía de Guanabara. Apesar da ocupação ocorrer sem confrontos, o relações públicas da PM, coronel Frederico Caldas, reconheceu que a polícia encontrará dificuldades quando for ocupar a região nas localidades mais problemáticas, como Parque Rubens Vaz, Nova Maré, Nova Holanda e Parque União, no próximo mês.
"O efetivo de hoje foi menor do que costumamos empregar. Foram 50 policiais realizando ações aqui, pois o Exército já fazia o patrulhamento na Praia de Ramos e na comunidade Roquette Pinto, mas foi um ano praticamente tranquilo, a área não apresentava problemas. Cento e dezessete policiais vão atuar na região, e a nossa expectativa é que, dentro de 60 dias, seja inaugurada a UPP da Praia de Ramos. Para as outras UPPs, ainda não há uma definição de tempo". disse o coronel.
Segundo ele, há três facções atuando na Maré: Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigo dos Amigos, fora a milícia. "Certamente, na próxima vez, teremos um aparato muito maior e certamente haverá uma mobilização das tropas especiais em uma proporção muito maior."
O relações públicas da PM destacou a importância do Exército na Maré e disse que a polícia vai encontrar alguma dificuldade, mas ressaltou que o trabalho da força de segurança será mais fácil do que no Complexo do Alemão, por causa das características do território.
"O trabalho das Forças Armadas realmente foi extraordinário. A Maré é uma área muito extensa – chega a ser maior do que o Complexo do Alemão em termos de extensão territorial, mas em função das características físicas da Maré, diferentemente do Alemão, que é uma área muito difícil de ser patrulhada, área de vale, área de elevação, aqui situando a área do Morro do Timbau, ela é uma favela plana e facilita o trabalho da polícia, mas será mais complexa que no Alemão, por conta das facções que atuam na Maré", explicou Caldas.
Mais de 200 policiais atuam com a Força de Pacificação no patrulhamento e no atendimento de ocorrências no Complexo da Maré, desde novembro do ano passado. O coronel garantiu que não há prejuízo para outras áreas com UPPs, pois os policiais que trabalhar na Maré passaram por estágio nos batalhões e por treinamento de capacitação específico. As bases não serão mais de contêineres, agora serão estruturas físicas. As anteriores estão sendo substituídas porque ficou demonstrado que os policiais ficavam mais expostos, em situação de maior vulnerabilidade.
De acordo com Caldas, há pelo menos duas bases definitivas para os policiais que vão trabalhar nas UPPs da Maré, uma no Parque União e um destacamento na Roquette Pinto. Ele não descartou, porém, a hipótese de usar o 22º Batalhão da PM como base, caso a polícia não encontre estruturas físicas nas outras regiões. O coronel garantiu que a UPP só será inaugurada quando as bases definitivas de estrutura física estiverem prontas.
Polícia Militar assume o patrulhamento da Maré