Justiça do Rio proíbe novas demolições na Favela do Metrô
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), por meio de uma liminar concedida hoje (29), proibiu que a prefeitura da capital fluminense faça novas demolições na Favela do Metrô, na Mangueira, zona norte do Rio. De acordo com o tribunal, caso decisão judicial não seja cumprida, o município pagará multa de R$ 20 mil por imóvel derrubado.
Moradores da comunidade protestaram na noite de ontem (28) na Avenida Radial Oeste, uma das principais vias de ligação do centro do Rio com a zona norte da cidade. Durante a manifestação, um grupo de pessoas bloqueou a avenida ateando fogo em pneus e pedaços de madeira, causando a reação de policiais militares para desobstruir a pista e restabelecer o tráfego de veículos.
Durante a ação, estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que fica nas proximidades da favela, se juntaram aos manifestantes no protesto contra as demolições. Os policiais chegaram a usar bomba de gás para dispersar as pessoas. O Tumulto se estendeu até a portaria principal da Uerj, onde seguranças da universidade e um grupo de manifestantes, inclusive alunos, entraram em confronto.
A confusão resultou em estragos no hall da universidade. O reitor da Uerj, Ricardo Vieralves, condenou hoje, em nota, as ações dos estudantes que participaram do movimento e diz que existe uma "associação perigosa entre membros da Uerj com pessoas estranhas" à instituição.
"Havia uma convocação de falanges políticas para uma ação violenta ontem, dia 28 de maio na Uerj. Da mesma maneira que fizeram da outra vez houve um recrutamento de agentes externos à nossa comunidade para crescer o ato. Foram chamados adolescentes que vivem nas ruas, membros da denominada Favela do Metrô, que estavam em litígio com a prefeitura do Rio, e pessoas que agem na passarela do metrô e no entorno do Maracanã”.
O reitor informou ainda que a administração da universidade, por imposição da lei, vai instaurar inquérito administrativo para a apuração de responsabilidade individual nos atos: as lesões corporais e o dano ao patrimônio.
A moradora da favela, Gabriela Gomes, de 19 anos. disse que soube por telefone sobre a demolição da casa onde morava. "Eu estava no hospital com meu pai. Então, meus vizinhos me ligaram e disseram que tinham derrubado minha casa com tudo dentro. Disseram que só conseguiram salvar geladeira e fogão, mas os móveis e minhas roupas ficaram, e perdi tudo. Tenho dois filhos e agora não sei para onde ir. Não avisaram nada que vinham demolir minha casa", disse.
Também moradora da comunidade, Renata Soares, de 39 anos, contou que mora em uma área onde ainda não foram feitas as remoções. "É covardia o que eles estão fazendo. Minha casa ainda está de pé, mas minha amiga não teve a mesma sorte. Ela estava trabalhando e eu tive que arrombar o cadeado da casa dela para entrar e tirar as coisas correndo, senão ela ia perder tudo. Se a pessoa não estivesse aqui, eles derrubavam com tudo dentro".
O prefeito Eduardo Paes disse hoje que os prédios já haviam sido desocupados e os antigos moradores, remanejados. Mas que antes de as edificações serem demolidas, outras pessoas as ocuparam e passaram a habitar o local.
Em nota, a Polícia Militar (PM) informou que não se envolveu no conflito dentro da universidade. De acordo com o comandante do 4º Batalhão, Major Alberto Silva, os policiais militares não entraram na universidade.”Os policiais se posicionaram do lado de fora para garantir a segurança nas vias”.