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Meio Ambiente

Tubarão-lixa volta a se reproduzir em cativeiro

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 24/06/2015 - 16:59
Rio de Janeiro
Filhotes de tubarão-lixa que nasceram na Bahia (Divulgação Projeto Tamar)

Filhotes de tubarão-lixa reproduzidos em cativeiro, na Bahia        Divulgação/Projeto Tamar

Um casal de tubarões-lixa (Ginglymostoma cirratum) se reproduziu pela segunda vez no Brasil em tanques instalados no Centro de Visitantes do Projeto Tamar, na Bahia. Essa espécie de tubarão está ameaçada de extinção – é ovípara (põe ovos) e tem dificuldade de procriar fora de seu habitat.

O fato, segundo o coordenador do Projeto Tamar, oceanógrafo Guy Marcovaldi, é inédito na América Latina e raríssimo no mundo. “Temos que pesquisar e confirmar se há outros”, ressaltou. O projeto é patrocinado pelo programa Petrobras Socioambiental: Desenvolvimento Sustentável e Promoção de Direitos.

Os dois filhotes machos, batizados de Noah e Sheik, estão em quarentena, mas já podem ser vistos no tanque pelos visitantes. Guy Marcovaldi disse hoje (24), em entrevista à Agência Brasil, que a procriação em cativeiro é um fator positivo e mostra que nos aquários do projeto existem condições favoráveis, onde os animais podem se reproduzir sem estresse. De acordo com Marcovaldi, é muito raro um animal se reproduzir sob estresse, situação em que, “às vezes, nem come”. A procriação é o ponto máximo.

Em junho de 2013, o mesmo casal de tubarões gerou nove filhotes, dos quais seis sobreviveram. “Eles agora já estão enormes, com mais de 1 metro de comprimento.” Segundo o oceanógrafo, a fêmea do tubarão apresenta comportamento ainda de reprodução, "inquieta, nadando o tempo todo”. Nesta semana, ela até lançou ovos na água, mas estavam inférteis.

Marcovaldi disse que, à medida que os ovos vão ficando maduros na barriga da mãe, ela os lança na água, os filhotes rompem então o ovo e nascem. O tubarão-lixa é encontrado em todos os mares tropicais e pode alcançar até 4 metros de comprimento. Não habita áreas frias. No Brasil, ele é achado principalmente no Nordeste, com destaque para a Bahia. O limite de ocorrência é o estado de Santa Catarina. Eventualmente, aparece no Rio Grande do Sul, “mas é raro”, destacou Marcovaldi.

O coordenador do Projeto Tamar ressaltou que, no momento em que o Tamar mostra ao público um animal nascido em cativeiro, o animal deixa de ser cobiçado como alimento pelo ser humano. “O contato faz com que as pessoas tenham carinho e respeito, e deixem de olhar o tubarão como inimigo ou como comida.”

A reprodução do tubarão-lixa nos tanques do Projeto Tamar será objeto de trabalho científico que envolverá pesquisadores brasileiros e internacionais e será publicado posteriormente.


Fonte: Brasil se destaca na reprodução de tubarões-lixa em cativeiro