Usuários do Mais Médicos dão nota 9 ao programa, aponta pesquisa

Publicado em 31/07/2015 - 11:17 Por Aline Leal – Repórter da Agência Brasil* - Goiânia

Médicos cubanos

Um grupo de médicos cubanos desembarcou no aeroporto de Brasília em outubro de 2013 Arquivo/Agência Brasil

Pesquisa mostra que usuários do Mais Médicos dão nota 9, em uma escala de 0 a 10, como nota média para o programa. O levantamento, feito pelo Grupo de Opinião Pública da Universidade Federal de Minas Gerais, mostra que 54% dos usuários entrevistados dão 10 ao programa, criado em 2013 para levar médicos a regiões carentes.

Encomendado pelo Ministério da Saúde, o estudo mostra que, diferentemente do que os que são contra o programa pensavam, a maioria dos pacientes atendidos pelos médicos estrangeiros não sentiu dificuldades na comunicação. Segundo os dados, 84% dos usuários não tiveram dificuldade de entendimento e apenas 2% sentiram muita dificuldade.

Para a coordenadora da pesquisa, Helcimara Telles, o que faz com que o programa seja bem avaliado é o atendimento médico. ”Mesmo que a infraestrutura da unidade básica de saúde não seja muito boa, mesmo que faltem coisas, quando o atendimento médico é bom, isso repercute bem na avaliação do programa”, disse a pesquisadora. Para ela, essa satisfação pode estar ligada à experiência dos médicos, já que 63% dos profissionais têm mais de 10 anos de experiência, a maioria na atenção básica.

O perfil do usuário mostra que a maioria (80%) dos pacientes são mulheres, com filhos, renda de até dois salários mínimos e que 40% recebem o Bolsa Família. “Isso mostra que o programa está atendendo o público-alvo”, afirmou Helcimara.

Entre os desafios apontados pelos usuários, destacam-se as dificuldades no acesso aos medicamentos, na marcação de consultas e na demora para receber o atendimento. Além disso, os pacientes reclamam que não conseguem ser atendidos pelo mesmo profissional, o que dificulta o acompanhamento do histórico de saúde.

Comparando com o período anterior à chegada dos médicos do programa, 84% acham que o atendimento melhorou muito, 83% apontam melhora na duração da consulta e 81% acreditam que o profissional conhece mais os problemas de saúde do que os médicos anteriores.

Os resultados da pesquisa foram apresentados durante o 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Goiânia. As entrevistas foram feitas em Unidades Básicas de Saúde de 700 municípios de todas as regiões do país entre 17 de novembro e 23 de dezembro de 2014. A margem de erro é 1%.

Para Lígia Bahia, doutora em saúde pública e professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o programa cumpriu um papel importante no atendimento em áreas carentes. “Ele não muda a estrutura do sistema público de saúde, mas foi capaz de levar assistência a uma parcela da população que não tinha.”

Lígia destaca que os médicos cubanos são muito experientes e bons e que isso pode ter levado à avaliação tão positiva dos pacientes. No entanto, ela contesta a iniciativa de dar uma nota ao programa. “Uma nota resumo não é um método adequado para uma pesquisa de satisfação do usuário. Para mim, uma nota 9 não quer dizer nem que o sistema é excelente, nem que não funciona.”

*A repórter viajou a convite da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)

Edição: Denise Griesinger

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