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Metalúrgicos da Volkswagen aprovam adesão ao PPE na unidade de São Bernardo

Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 17/09/2015 - 17:16
São Paulo

Trabalhadores da Volkswagen de São Bernardo, no ABC Paulista, aprovaram hoje (17) a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Pelo acordo, os empregados terão redução de 20% da carga horária e do salário, sendo que 10% da renda serão cobertos pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), como prevê a medida provisória que criou o mecanismo. De acordo com o sindicato da categoria, cerca de 3 mil empregos – que é a estimativa de excedente na unidade – devem ser preservados com a aprovação do PPE.

Os metalúrgicos negociaram em janeiro deste ano, quando uma greve na fábrica conquistou a reversão de cerca de 800 demissões, estabilidade no emprego até 2019. O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, explica que o acordo previa o uso de instrumentos de flexibilização, como ocorre agora. “O PPE é um dos instrumentos de flexibilidade para poder aproveitar esses companheiros. É lógico que a rejeição de um acordo que envolve 10 mil trabalhadores poderia colocar isso em risco [a estabilidade]”, destacou.

De acordo com Santana, parte dos 2,6 mil empregados que estavam em layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho) até dezembro será reintegrada. A medida é necessária para recompor o quadro, tendo em vista que a carga horária dos cerca de 10 mil que continuaram trabalhando será reduzida. O PPE atinge toda a empresa, excetuando-se parcela dos trabalhadores que, pela natureza do trabalho, não podem ter a carga horária reduzida.

O metalúrgico Paulo Cabral, 47 anos, trabalha na Volkswagen há 26 anos e está desde julho em layoff. “Votei a favor [da adesão ao PPE]. É melhor ter a garantia de voltar a trabalhar, perder 10%, do que ficar sem nada”, avaliou. Ele foi um dos que receberam a carta informando da demissão em janeiro deste ano e foi recontratado pela mobilização da categoria que paralisou as atividades. Há tanto tempo trabalhando como metalúrgico, Cabral contou que já viveu outros momentos de crise. “A gente não estaria aqui fora [no pátio] se tivesse tudo bem. Mas as outras [crises] passaram e essa também vai [passar]”, disse.

Ademir Panini, 46 anos, também está há mais de duas décadas na Volkswagen. Ele não foi atingido pelas medidas de controle de excedente na fábrica, mas temia que cortes pudessem ocorrer. “A situação está ruim. Já vivi outras crises, mas esta está complicada”, avaliou. O metalúrgico acredita que, caso o PPE não fosse aprovado, trabalhadores em layoff seriam os mais prejudicados. A proposta foi aceita pela ampla maioria da assembleia, que ocorreu no pátio da unidade.

Balanço de desempenho do setor, divulgado no dia 4 pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), indica que, de janeiro a agosto deste ano, as vendas ao mercado interno caíram 21,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 1,75 milhão de unidades. Como consequência da queda na demanda, as montadoras reduziram a produção no acumulado do ano em 16,9%.

A Volkswagen informou que, "em acordo com o sindicato e a representação dos empregados da unidade Anchieta, irá solicitar ao governo [federal] a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) para sua fábrica do ABC".

* A matéria foi atualizada às 21h17 para inclusão de novas informações