Comerciários do Rio denunciam violação trabalhista em rede de supermercados

Publicado em 20/10/2015 - 14:51 Por Isabela Vieira e Tâmara Freire - Repórteres da EBC - Rio de Janeiro
Atualizado em 20/10/2015 - 16:46

Funcionários da rede de supermercados Guanabara, no Rio de Janeiro, foram obrigados a trabalhar até três horas a mais por dia, sem receber horas extras e sem descanso, durante a edição anterior das ofertas de aniversário da empresa. A denúncia foi feita pelo Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, que no maior período de promoções da empresa – quando uma multidão de consumidores lota as 23 lojas da rede – aumenta a fiscalização nas unidades. 

Segundo o presidente do sindicato, Márcio Correa Andrade, que percorreu unidades da rede na sexta-feira (16), quando começou a promoção, ainda é cedo para apresentar um balanço das denúncias este ano. Ele considera, no entanto, que a presença do sindicato ajuda inibir os abusos que vêm ocorrendo .

“Desde o mês passado, a gente tem recebido denúncias do que aconteceu nos últimos anos. Por isso, estamos, desta vez, averiguando para impedir que se repitam”, afirmou Andrade. Na fiscalização, ele aproveitou para falar com clientes, alertando para ausência de empacotadores, que é uma exigência da legislação na cidade do Rio de Janeiro.

Outras denúncias do sindicato incluem trabalhadores que passam o dia em pé, por falta de assento, e o caso de uma funcionária que não pôde ir ao banheiro e acabou urinando na roupa. “Era dia de mercado cheio, a trabalhadora solicitou que o supervisor liberasse a pausa para ela ir ao banheiro, parece que ele não liberou, e ela passou por esse constrangimento”, revelou Andrade.

Especialista em psicologia do trabalho, a professora Terezinha Martins dos Santos Souza, da Universidade Federal de Estado do Rio de Janeiro (Unirio), alerta que a precarização do trabalho, apontada pelo sindicato dos comerciários, é ilegal e gera problemas de saúde. Segundo ela, a rede precisa contratar mais profissionais para atender ao público.

“Até a oitava hora de trabalho o estado de cansaço é X, e quando ultrapassa a jornada, o cansaço é muito maior a cada hora”, esclareceu. “É muito além da carga que você já está acostumado, por isso hora extra é para situações excepcionais, não pode gerar precarização”, frisou.

O sindicato informou ainda que os cerca de 15 mil funcionários da rede aprovaram uma pauta de reivindicações que a categoria tenta negociar com a empresa há cerca de dois meses sem sucesso.

No documento, o sindicato pede que a rede Guanabara pague insalubridade para os funcionários do açougue, que trabalham no frio e sob o risco de corte, além de permitir que cada um escolha entre receber vale-alimentação ou comer no refeitório, disponível nas unidades da rede.

Em nota, o supermercado afirma que paga horas extras e que em todas as lojas funciona um restaurante com cardápio preparado por nutricionista. A rede esclarece que todos funcionários têm autonomia para ir ao banheiro e que há bancos para descanso no refeitório e no vestiário, além de sala de repouso. O supermercado informa que o adicional de insalubridade não é pago porque a empresa fornece todos os equipamentos necessários previstos em lei e se diz aberto para negociações.

*Matéria alterada às 16h46 para esclarecer informações no último parágrafo

Edição: Maria Claudia

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