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Conheça as etnias que vão disputar os Jogos Mundiais Indígenas

Maíra Heinen - Repórter do Radiojornalismo
Publicado em 21/10/2015 - 16:09
Brasília
Palmas/TO- Índios Karajá Xambioá se reúnem em área próxima da Aldeia Okara onde as etnias brasileiras estão hospedadas ( Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Palmas/TO - Índios Karajá Xambioá se reúnem em área próxima à Aldeia Okara onde as etnias brasileiras estão hospedadasMarcelo Camargo/Agência Brasil

Esportistas de diversas regiões do Brasil e do mundo já estão em Palmas, no Tocantins, para participar da primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Muitos não são atletas profissionais, mas terão a oportunidade de apresentar a própria cultura por meio do esporte. O evento reunirá 23 etnias brasileiras, além de populações tradicionais de outros 22 países.

Um dos organizadores do evento, o Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena, não segue a divisão regional brasileira, mas a geografia étnica, levando em conta os biomas nacionais: Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Pampas e Pantanal. Para participarem, os indígenas precisam ser originários de suas aldeias, falar a língua tradicional e conhecer a própria cultura. Dentro da etnia, o cacique e o chefe da delegação recrutam os atletas.

O Cerrado estará representado pelos povos Karajá, Bakairi, Paresi, Xavante, Bororo, Nhambikwara, Rikbatsa, Canela, Manoki, Tairapé, Xerente, Javaé, Kamaiurá e Kuikuro. O povo Xerente é o anfitrião da festa. Eles vivem no Tocantins e estão divididos em duas terras indígenas. Estudo realizado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em 2010, contabilizou 3 mil indígenas deste povo. Os Xerente já participaram de cinco edições dos jogos indígenas nacionais e a principal atividade deles no evento é a corrida com tora.

Palmas/TO - Índios Kaiapó fazem apresentação durante coletiva de imprensa (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Palmas/TO - Índios Kayapó fazem apresentação durante coletiva de imprensa Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os povos Asurini, Waiwai, Kayapó, Gavião Kykatejê, Gavião Parakatejê e Matis são os representantes da Amazônia. Os Matis, por exemplo, estão no Amazonas, na Terra Indígena do Vale do Javari. Estudos de 2010 apontavam 390 remanescentes da etnia. Os ornamentos desses povos são uma forma de identidade que define origem, gênero e idade. Mas, com o crescente contato com não indígenas, muitos adornos acabaram em desuso. Os Matis já participaram de oito edições dos jogos e a principal atração desse grupo é a zarabatana.

O povo Pataxó marca a participação da Mata Atlântica. Cerca de 11,8 mil  índios Pataxó vivem entre o extremo sul da Bahia e o norte de Minas Gerais. Pelos registros históricos, os primeiros contatos com os Pataxó ocorreram no século 16 por colonos que os descreviam como povos amigos. Os Pataxó já participaram de dez edições dos jogos indígenas e a principal atividade desse povo é a corrida.

Das terras mais ao Sul do Brasil vem o povo Kaingang, representando os Pampas. Os Kaingang estão distribuídos em quatro estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, ocupando mais de 30 terras indígenas, que representam uma pequena parcela do território original. A população Kaingang é de cerca de 34 mil pessoas. Eles já participaram de oito edições dos jogos indígenas e se destacam no arremesso de lança.

Os representantes do Pantanal são os povos Terena e Guarani Kaiowá. Originalmente, os Terena habitavam o estado de Mato Grosso do Sul, mas hoje estão divididos em 16 terras indígenas e também podem ser encontrados nos estados de Mato Grosso e São Paulo. A luta pela demarcação é constante, pois ainda existem terras que não foram demarcadas. Atualmente são mais de 25 mil índios. Eles já participaram de 10 edições dos jogos e a principal participação é no arco e flecha.

Nesta edição dos Jogos Mundiais Indígenas, a Caatinga não terá representante.

 

>> Ouça a matéria na Radioagência Nacional:

 

 

Conheça mais sobre as etnias brasileiras presentes no Jogos Mundiais Indígenas:

Asurini

Guarani Kaiowá

Karajá

Kura Bakairi

Paresi

Waiwai

Bororo Boe

Kayapó

Kyikatejê / Parakatejê

Mamaindê Nhambikwara

Pataxó

Xavante

Rikbatsa

Kaingang

Canela Rãmkokamekra

Manoki

Tapirapé

Xerente

Javaé Itya Mahãdu

Kamayurá

Kuikuro

Matis

Terena

Asurini:

Em 2012, estudos do Siasi/Sesai contabilizaram 516 pessoas desta etnia

Onde vivem no Brasil: município de Tucuruí (PA), na terra indígena Trocará, que fica a 30 km da hidrelétrica de Tucuruí. As pessoas moram nas proximidades da rodovia Pa-156

Língua: Falam português, mas a língua de origem pertence à família Tupi-Guarani

Cultura: O termo “Asurini”  é da língua Juruna e desde o século passado é utilizado para indicar diferentes grupos tupis da região. Para eles, mundo sobrenatural é dividido em duas esferas, a de Mahira (o grande criador) e o Sawara (o espírito da onça). As atividades xamanísticas são intensas. O principal evento do ano é a festa do tabaco.

Histórico: Pelos registros, os primeiros relatos sobre os Assuriní surgiram no início do século 20, em uma região que fica acima da cachoeira Itaboca..

Saiba mais sobre a cultura desse povo: 

Crédito: Sueli Nascimento / Divulgação

 

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Guarani Kaiowá

Histórias de violência praticada por fazendeiros do Mato Grosso do Sul contra membros da etnia Guarani-Kaiowá causaram uma comoção no Brasil. Na internet, houve movimento de incluir no sobrenome o nome desse povo indígena, que hoje deve contar com mais de 31 mil pessoas

Onde vivem no Brasil: Mato Grosso do Sul, em 33 pequenas terras indígenas

Língua: Falam a língua Guarani, do tronco linguístico Tupi-Guarani.

Cultura : A denominação Guarani se refere ao seu território, que vem do termo, “Ka'a o gua”, os "pertencentes da floresta alta/densa".A etnia se autodenomina Pa'-Tavyterã, que significa "habitante do povo da verdadeira terra futura". Frequentemente, realiza ritos com cânticos, rezas e danças

Histórico: Colonizadores a partir do século 16 relizaram missões jesuíticas que tinham o objetivo de catequizar a etnia. Desde essa época, o território foi cenário de disputas dos não-indígenas. A relação dessa etnia com a terra é espiritualmente forte, chamada de Tekoha, que significa o " lugar de ser".

Saiba mais sobre a cultura do povo:

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Fonte: PNUD

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Karajá

A etnia tem uma população de 3.198 pessoas, de acordo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa)

Onde vivem no Brasil: Nos estados de Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins. A maioria fica próxima às margens do Rio Araguaia

Língua: Karajá, Javaé e Xambioá

Cultura: Os Karajá possuem dois grandes cerimoniais, o Hetohoky, rito de iniciação masculina e a festa de Aruanã, apresentada em ciclos anuais onde sobem e descem o Rio Araguaia.

Histórico: Teriam havido duas frentes de contato dos homens brancos com os Karajá. Falam a língua Karajá do tronco linguístico Macro-Jê.

Assista a especial da TV Senado

 

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Kura Bakairi

Levantamento realizado há três anos contabiliza 930 pessoas nessa etnia.

Onde vivem no Brasil: terras Baikiri, nos municípios de Paranatinga, Santana e Nobres, todos no Mato Grosso

Língua: Bakairi, da família Karíb.

Cultura: As atividades têm aspecto espiritual e ritualístico. Um dos principais rituais é o Iakuigâde, no qual utilizam máscaras para representar espíritos tutores. São contadores de histórias e se destacam pela pintura.

Histórico:  O nome dado a eles, Bakairi, tem origem desconhecida. Se autodenominam Kura, que significa "gente, ser humano por excelência".

 

Paresi

A etnia conta com 1955 pessoas, segundo levantamento do Siasi/Sesai.

Onde vivem no Brasil: Rondônia e Mato Grosso, divididos em 10 aldeias

Língua: Paresi, da família Aruak.

Cultura: A etinia tem uma vida ritualística forte, desde as atividades cotidianas até aos esportes e a pajelança

Histórico: O grupo teve contato com não-indígenas, pela primeira vez, por meio da expedição Rondon, em 1907. Ao longo de 20 anos, o contato com homens brancos cresceu e a população diminuiu intensamente, principalmente devido a uma epidemia de gripe.

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Waiwai

Em 2009, uma pesquisa contabilizou 2914 pessoas dessa etnia. Já participaram de oito edições dos jogos indígenas e a principal modalidade é o arco e flecha.

Onde vivem no Brasil: Amazonas, Pará e Roraima

Língua: Waiwai, da família Karíb.

Cultura: São reconhecidos como especialistas pelo fornecimento de raladores de mandioca, papagaios falantes e cães de caça. Têm fama até os dias de hoje de grandes viajantes.

Histórico:O primeiro registro oficial dos Waiwai foi no século XIX, pelo geógrafo Robert Hermann Schomburgk, em decorrência do contato que ele teve com outros indígenas da região. Em 1950, as missões cristãs interviram no modo de vida e na tradição deles.

 

Bororo Boe

De acordo com levantamento realizado pelo Siasi/Sesai, a população total era de 1.686 pessoas. Participam dos jogos há 10 edições e se destacam na modalidade cabo de força, categoria feminina.

Onde vivem no Brasil: Seis aldeias no Mato Grosso

Língua: Língua Bororo, do tronco linguístico Macro-Jê

Cultura: Na língua deles, o termo Bororo significa "pátio da aldeia", devido à disposição circular das casas que mantêm o pátio no centro, onde praticam diversos rituais. Fazem parte da matriz cultural a perfuração do lóbulo das orelhas e tradições como a Festa do Milho Novo e o funeral elaborado. Eles se enfeitam com cocares, saias e braceletes

Histórico:O primeiro contato com não-indígenas foi há mais de 300 anos

Saiba mais sobre violência contra o povo Bororo 

 

Kayapó

Estudo realizado pela Funasa, em 2010, contabilizou 8.638 indígenas desta etnia

Onde vivem no Brasil: Pará e norte do Mato Grosso em nove aldeias

Língua:  idioma da família Jê, do tronco Macro-Jê

Cultura: Para essa etnia, a relação com a natureza é de extrema importância, por isso, sempre fazem rituais marcados por cantos e rezas. São conhecidos pelas precisões nos traços dos grafismos étnicos, feitos com jenipapo e carvão.

Histórico: Os primeiros contatos com não-indígenas foram no século 19. Os Kayapó sofriam ataques de colonizadores que o massacravam, vendendo-os como escravos. Isso fez com que esse povo se mudasse para a região mais oeste do país em busca de esconderijo.

 

 

Kyikatejê / Parakatejê

De acordo com o Siasi, em pesquisa realizada em 2012, existem 627 indivíduos no grupo Gavião. Já participaram de dez edições dos jogos. As principais participações do grupo são a corrida de tora, masculina e feminina, e arco e flecha

Onde vivem no Brasil: Vivem no estado do Pará, na terra indígena Mãe Maria

Língua:  Timbira da família Jê, que pertence ao tronco linguístico Macro-Jê

Cultura: Os rituais (que eles denominam como brincadeiras) estão diretamente relacionados ao esquema simbólico: a divisão em metades.

Histórico: O contato com não-indígenas ocorreu durante uma busca por recursos naturais na década de 60, junto às Frentes de Expansão da sociedade nacional.

 

Mamaindê Nhambikwara

Em um estudo realizado pela Funasa, em 2010, a população Nambikwara era de 1.950 indivíduos. O grupo Mamaindê já participou uma vez dos jogos, apresentando esses rituais

Onde vivem no Brasil: nos estados de Rondônia e Mato Grosso em 11 aldeias nas cabeceiras dos rios.

Língua:  Nambikwara

Cultura: O nome Nambikwara foi dado devido aos furos que possuem nas orelhas. Outros nomes são encontrados para as divisões internas deste povo.

Histórico: Os primeiros registros de contato não-indígenas foram em 1770, durante uma expedição para buscar ouro e construir uma estrada. Posteriormente, os contatos passaram a ser mais intensos, tanto com missionários quanto com expedições militares.

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Pataxó

Trata-se de uma das etnias mais conhecidas do país, tanto pela projeção da cultura quanto pelo assassinato do índio Galdino, em Brasília, em 1997.  De acordo com a Funasa, existem, atualmente, 11.833 indígenas desta etnia. Os Pataxó já participaram de 10 edições dos jogos indígenas e as principais atividades são os rituais com maracá e corrida.

Onde vivem no Brasil: extremo sul da Bahia e o norte de Minas Gerais

Língua:   Patxohã e português

Cultura: Desde 1998, os indígenas buscam recuperar a língua materna, pertencente à família linguística Maxacalí, do tronco Macro-Jê.

Histórico: Pelos registros, os primeiros contatos com os Pataxó ocorreu no século 16 por colonos que os descreviam como povos amigos.

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Descubra origem da palavra Pataxó 

 

Xavante

Estudo da Funasa realizado, em 2010, contabilizou 15.315 indivíduos desta etnia. Já participaram de 10 edições dos jogos e sua principal modalidade é a corrida com tora.

Onde estão no Brasil: Mato Grosso em 10 terras demarcadas

Língua: Acuen, da família linguística Jê, do tronco linguístico Macro-Jê.

Cultura: A tradição do povo está viva. Eles praticam a cerimônia de furação da orelha na passagem da adolescência para a vida adulta. Outra marca é que eles fazem referência a alguém pelo clã.

Histórico:Ao longo da história, os Xavante passaram por Conflitos e eram conhecidos como bravos. No governo Getúlio Vargas, eles passaram a ser chamados "índios propaganda", em referência a domesticação dos selvagens por parte do Estado. Apenas em 1960, o relacionamento com os Xavante ficou realmente pacífico devido a fome, doenças e conflitos que os acometeram.

Saiba como é o ritual de poder e espiritualidade 

 

Rikbatsa

Os Rikbaktsa são  conhecidos como "Orelhas de Pau" ou "Canoeiros". De acordo com a Funasa, em 2010, a população dessa etnia era de 1.324 indivíduos.

Onde estão no Brasil: Município de Juína no Mato Grosso

Língua: Rikbaktsa, do tronco linguístico Macro-Jê

Cultura: São conhecidos regionalmente como canoeiros, pela habilidade com o uso de canoas. Também são chamados de "orelhas de pau" porque usam enormes botoques, feitos de caixeta e introduzidos nos lóbulos alargados das orelhas.

Histórico:   Os Ribaktsa sempre protegeram suas terras, e, por isso, eram conhecidos como guerreiros. A relação pacífica entre indígenas e brancos só se deu no período de 1957 a 1962.

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Kaingang

Os Kaingang estão entre os mais numerosos povos indígenas do Brasil. A população Kaingang, segundo estudo da Funasa, realizado em 2009, é 33.064 pessoas.

Onde estão no Brasil: Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo,

Língua: Kaingang pertence ao tronco Jê

Cultura: O principal rito dos Kaingang é o culto aos mortos. Há também o costume circunscrito ao ambiente doméstico, que enaltece as etapas do ciclo de vida, como o de nominação. Outros não apresentam o formato de ritualização, como o caso de casamentos. Se adornam com roupas feitas de tecido de urtiga brava e usam grafismos que remetem à cosmologia Kaingang.

Histórico: O primeiro contato com não-indígenas foi no início do século XVIII. Essa relação se consolidou com a aliança firmada entre os chefes Kaingang e os brancos das regiões, já no século XIX.

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Canela Rãmkokamekra

Canela é o nome pelo qual ficaram conhecidos dois grupos Timbira: os Ramkokamekrá e os Apanyekrá.  Pela última contagem do Siasi/Sesai, realizada em 2012, a população total era de 2.175 pessoas.

Onde estão no Brasil:  Municípios de Fernando Falcão e Barra do Corda no Maranhão

Língua: Krahô, do tronco Macro-Jê

Cultura: Os rituais dos Canela se baseiam na família com o nascimento, puberdade e casamento. Existem ainda, os ritos de passagem, a perfuração das orelhas para os homens e a reclusão para as meninas. Costumam usar urucum no corpo e, às vezes, o carvão - que quando fixado pelo látex e aplicado ordenadamente significa uma manifestação familiar.

Histórico:Remanescentes do povo Timbira, o nome "Canela" era utilizado pelos sertanejos para identificar os habitantes daquela região. A etnia se autodenomina Ramkokamekrá, que significa "índios do arvoredo de almecega", mas, também aceitam o nome Canela.

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Manoki

Manoki é como se autodenominam os índios mais conhecidos como Irantxe. Em 2010, a Funasa fez um levantamento de dados e constatou a existência de 102 indígenas Manoki

Onde estão no Brasil: Mato Grosso divididos em duas terras indígenas, a Irantxe, na região do Rio Cravari, e, a Myky, às margens do Rio Papagaio.

Língua: Iranxe

Cultura: Existem festas para o período de abrir roça, seca e chuva, e ainda, para a iniciação masculina e flautas sagradas. Todos esses ritos estão estreitamente ligados um com o outro. Os principais adornos dos Manoki são os brincos de pena para perfuração do septo, os cocares de arara azul e colares de semente. Na pintura facial é utilizado urucum e traços feitos com jenipapo ou caldo de carvão. No corpo, usam belos braceletes de pena.

 

Histórico: O contato com não-indígenas ocorreu com as frentes seringalistas, jesuíticas e pela própria atuação do Estado, que em 1907, decidiu expandir a linha telegráfica. Por isso, as Frentes de Expansão se intensificaram na região, quando se deu o primeiro contato com os Manokis.

 

Saiba mais sobre os Manokis: 

 

Tapirapé

Onde estão no Brasil: Mato Grosso e do Tocantins

Língua: Tupi

Cultura: A pintura dos Tapirapé é realizada basicamente com jenipapo. Dependendo da ocasião, para identificar as pessoas, pintam todo o corpo e na face são desenhados traços e círculos. Já participaram de cinco edições dos jogos e a principal modalidade é a luta corporal.

Histórico:  Entre 1910 e 1947, os Tapirapé receberam constantes visitas dos servidores do SPI (Serviço de Proteção ao Índio), de missionários, antropólogos e trabalhadores de látex. Durante esse período, houve decrescimento populacional e o contato com não-indígenas passou a ser monitorado para evitar o desaparecimento deste povo.

Saiba mais sobre os Tapirapé:

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Xerente

Onde estão no Brasil: Tocantins

Língua: Akwen Xerente

Cultura: Possuem cerimônias masculinas, grupos de nominação e classes de idade baseados nas relações de parentesco. Famosos pelo trabalho com capim dourado, eles produzem diversos tipos de artesanato com esse material, cocares, saias, bolsas, brincos, colares e pulseiras. Essa também é a forma que se adornam em dias de festa. A pintura corporal é feita, basicamente, de jenipapo e urucum. Só utilizam o algodão em festividades mais importantes.

Histórico: O nome Xerente foi dado por homens brancos que tentavam diferenciá-los de outros grupos da região, mas sua autodenominação é Akwe.

Saiba mais sobre os Xerente:

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Javaé Itya Mahãdu

Os Javaé estão divididos em 13 aldeias ao longo do rio Javaés, e, apenas uma delas fica no interior da ilha. Estudo da Funasa realizado em 2009, contabilizou 1.456 indivíduos, representando a população total desta etnia.

Onde estão no Brasil: Ilha do Bananal, na divisa entre Tocantis e Goiás.

Língua: Karajá

Cultura: Um dos principais rituais dos Javaé é a dança dos Aruanãs, quando os espíritos habitantes das águas saem ao chamado dos Xamãs para conhecerem a vida na terra. Também possuem rituais de iniciação, colheita e matrimônio. Em alguns rituais, o corpo é adornado de algodão ou penas brancas.

Histórico: O nome Javaé é desconhecido por historiadores e antropólogos. Também se autodenominam Itya Mahãdu, "o povo do meio", por morarem no nível intermediário do cosmos, entre o subaquático e o celeste.

Saiba mais sobre os Javaé:  

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Kamayurá

Os Kamaiurá constituem uma referência importante na área cultural do Alto Xingu. Pesquisa do Ipeax (Instituto de Pesquisa Etno Ambiental Xingu), realizada em 2011, registrou 467 Kamayurá - população total.

Onde estão no Brasil: Parque Nacional do Xingu, região conhecida como Alto-Xingu

Língua:Tupi-Guarani, pertencente ao tronco Tupi,

Cultura: Os Kamayurá partilham uma série de aspectos culturais com povos vizinhos no Parque Nacional do Xingu, como por exemplo, formato da aldeia, malocas, hábitos alimentares, adereços e ritos intertribais, devido ao forte contato intertribal iniciado em épocas passadas.

Histórico: O primeiro contato com não-indígenas ocorreu por meio do médico, explorador e antópologo Karl von den Stein, numa de suas expedições ao Brasil Central em 1884. Posteriormente, o contato se tornou regular com os irmãos Villas-Boas.

 

Kuikuro

Os Kuikuro E constituem um sub-sistema carib com os outros grupos que falam variantes dialetais da mesma língua e participam do sistema multilíngüe conhecido como Alto Xingu Em 2011, um levantamento do Ipeax, contabilizou 522 indivíduos nesta população.

Onde estão no Brasil: Parque Nacional do Xingu, na região conhecida como Alto Xingu, no Mato Grosso.

Língua:  Karíb alto-xinguano

Cultura:  Os rituais  são semelhantes aos dos outros povos do Alto Xingu e começam com nascimento, passando pela vida adulta até morte, além da colheita e da pesca. Os Kuikuro já participaram de três edições dos jogos. Suas principais participações são na luta corporal e na dança das mulheres.

Histórico: O primeiro contato com não-indígenas está registrado nos documentos do médico, explorador e antropólogo, Karl von dein Steinen, em 1884 e 1887. Steinen é lembrado nas narrativas Kuikuro como Kalusi, o primeiro branco (kagaiha) que "veio em paz", trazendo presentes e bens para trocar. Os Kuikuro receberam esse nome de Karl von dein Steinen, que tentava registrar os falantes da língua Karíb dos moradores da aldeia Kuhikugu.

Saiba mais sobre os Kuikuro:

Fonte: Coletivo Kuikuro de Cinema e Vídeo nas Aldeias.

Matis

A palavra matis, além de ser um etnônimo, ou seja, o nome atribuído a uma etnia, significa, em um sentido mais estrito, “ser humano” ou “pessoa”. Estudo da Funasa, realizado em 2010, registrou 390 indígenas desta etnia

Onde estão no Brasil: No Amazonas, na Terra Indígena do Vale do Javarí.

Língua: A língua Matis pertence a família Pano e não tem relação com nenhum tronco linguístico.

Cultura: Essa etnia  possui  rituais de sepultamento, além de cerimoniais de musha, onde os grupos tatuados e pupunha (retiram da pupunha o espinho para a tatuagem) se unem para marcar os seus na face como uma forma de reconhecimento e afirmação de identidade. Os ornamentos desses povos são uma forma de identidade que define origem, gênero e idade. Entretanto, com o crescente contato com não-indígenas, os adornos acabaram em desuso.

Histórico:  Se ouviu falar dos Matis, em 1971, com a implantação da sede da Funai na região do Alto Solimões. Ainda nessa época, esses povos eram confundidos com outros indígenas da região e só passaram a ser reconhecidos como uma etnia diferente em 1972. Em 1975, com a criação de um posto indígena de atração, os contatos com não-indígenas se intensificaram, especialmente pela busca de objetos e de tratamento médico.

 

Terena

Os índios Terena são conhecidos pela habilidade na agricultura e no artesanato. Sua etnia constitui a maior nação indígena de Mato Grosso do Su. De acordo com levantamento da Funasa, em 2009, existiam 24.776 indígenas da etnia.

Onde vivem no Brasil: Originalmente, os Terena habitavam o estado do Mato Grosso do Sul. Hoje, estão divididos em 16 terras indígenas e também podem ser encontrados nos estados do Mato Grosso e São Paulo.

Língua: Terena, da família Aruak

Cultura: Os Terena possuem forte relação com os curandeiros, que em rituais específicos passam a noite cantando e buscando contato com espíritos guia para ter boas colheitas e afastar feitiços. Para essas cerimônias, eles se adornam com pinturas de jenipapo e urucum e maracás (espécie de chocalho).

Histórico: A luta pela demarcação é constante, pois ainda existem terras que não foram demarcadas. De acordo com levantamento da Funasa, em 2009, existiam 24.776 indígenas da etnia. A origem dos Terena é paraguaia e acredita-se que eles tenham chegado ao Brasil em 1760, devido aos conflitos com espanhóis. Essa movimentação durou até meados do século XIX.

Saiba mais Sobre os terenas no documentário “Do Bugre aos Terena”

Fonte. Iphan