Protesto de estudantes dura três horas e meia e acaba com um preso em SP

Publicado em 09/10/2015 - 13:44 Por Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Após quase três horas e meia de protesto e cinco quilômetros percorridos, terminou por volta das 11h30 a manifestação de estudantes contra a decisão do governo estadual, que dividiu os colégios estaduais por ciclos de ensino, obrigando os alunos a mudar de escola a partir do ano que vem. O ato começou às 8h, na região da Rua Augusta, e 20 minutos depois os alunos interditaram uma faixa da Avenida Paulista.

No fim da manifestação, os alunos estavam em frente à Secretaria Estadual de Educação. Segundo a Polícia Militar, uma pessoa foi presa durante o protesto.

A decisão do governo foi apresentada às diretorias de Ensino no dia 22. O objetivo é que as unidades ofereçam classes só de um dos três ciclos do ensino básico (anos iniciais – do 1º ao 5º e finais – do 6º ao 9º), do ensino fundamental e médio. A ideia é que os alunos estudem a, no máximo, 1,5 quilômetro da unidade em que estão matriculados.

De acordo com a diretora executiva da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), Natália Duarte Santo Prete, a manifestação é em defesa dos estudantes e da educação. “A realidade é que há 50 alunos em cada sala de aula e querem colocar mais 20 com o fechamento de várias escolas. Sem contar que muitos estudarão longe de suas casas e outros, antes de chegar à sala de aula, terão de levar o irmão em outra escola. Além disso, muitos professores e funcionários devem ficar desempregados.”

Vicente Ribeiro Loiola Neto, 16 anos, está no segundo ano, mas terá de mudar de escola, que fica a quase 10 quilômetros da atual. “Vou para a escola de bicicleta e levo cinco minutos para chegar. Com a transferência, não poderei mais ir assim, porque lá é perigoso e tem assalto até durante o dia. Vai alterar minha rotina e trabalho, porque, se não tiver vaga de manhã, terei de estudar no horário de trabalho.”

Henrique Hideky Oshiro tem 15 anos. No ano que vem ele cursará o segundo ano, mas não poderá permanecer na atual unidade, na Vila Formosa. “Apesar de sabermos que vamos para uma escola próxima, a qualidade de ensino deve cair, porque já temos 45 alunos em sala e deve aumentar para 60. Hoje, somos a segunda melhor escola. Para onde vamos, é considerada uma das piores”.

Gabriela Baio Reis é aluna do último ano e estuda na zona Sul, em uma escola que será fechada. “Muitos amigos meus serão prejudicados, porque serão transferidos para Heliópolis, que é muito longe e com um percurso perigoso.”

Por meio de nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo esclareceu que o estudo que definirá as escolas para o processo de reorganização está sendo finalizado e que nem todas as unidades passarão pelo processo.

De acordo com a nota, escolas com mais de um ciclo ainda funcionarão devido às diferenças demográficas e as necessidades para diversas faixas etárias em algumas regiões. "O projeto de reorganização é embasado em estudos educacionais e tem como objetivo melhorar a qualidade de ensino. Indicadores da secretaria e do próprio Inep apontam que escolas de ciclo único têm resultado 10% superior às unidades de três segmentos. Dados da Fundação Seade mostram que nas escolas estaduais há 2 milhões a menos de estudantes em comparação a 1998."

A secretaria informou ainda que a reorganização também visa aprimorar as condições de trabalho dos educadores, que terão a possibilidade de escolher mais aulas em uma mesma escola, tendo menos deslocamento e mais tempo para se dedicarem às atividades pedagógicas.

"As unidades que não adotarem a reorganização continuarão recebendo investimentos, uma vez que a educação é prioridade no Estado de São Paulo."

Segundo a nota, no dia 14 de novembro será realizado o Dia E, que trata de um encontro entre as escolas, pais e responsáveis da rede estadual de ensino para explicar o novo processo de reorganização.

A matéria foi alterada às 14h44 para inclusão de novas informações.

 

Edição: Armando Cardoso

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