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Butantan inicia última etapa de desenvolvimento da vacina da dengue

O Butantan e o governo de São Paulo estimam que a vacina estará
Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 11/12/2015 - 19:24
 - Atualizado em 11/12/2015 - 20:24
São Paulo

© Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Instituto Butantan iniciou hoje (11) a terceira e última etapa de desenvolvimento da vacina contra o vírus da dengue. Nesta etapa, a vacina será testada em 17 mil voluntários de 13 cidades, em 12 estados das cinco regiões brasileiras. O Butantan e o governo do estado de São Paulo estimam que a vacina poderá ser disponibilizada até 2017.

A vacina desenvolvida pelo Butantan mostrou capacidade, nas duas primeiras fases de testes, de combater os quatro tipos de vírus da dengue, mas não tem eficácia contra o vírus causador da febre chicungunya e o vírus Zika, também transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti.

O desenvolvimento da terceira fase da vacina custará cerca de R$ 270 milhões. Segundo o governo de São Paulo, o setor privado e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderão participar como parceiros.

Na manhã desta sexta-feira, a Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que havia aprovado o Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento sobre a vacina enviado pelo Butantan. “A documentação, enviada à Anvisa no último dia 8, possibilita o sinal verde para que o Instituto Butantan inicie os estudos Fase 3. Esta é a última etapa necessária para que o Instituto protocole o pedido de registro da vacina à Anvisa, que avaliará a qualidade, segurança e eficácia do produto”, destacou a agência em nota.

Diferentemente da vacina contra a dengue aprovada no México no último dia 9, desenvolvida pelo laboratório Sanofi Pasteur, a que está sendo feita pelo Butantan é aplicada em dose única – a mexicana precisa ser aplicada em três doses, com intervalos de seis meses.

“A vacina do Butantan é [feita a partir do] o vírus atenuado da dengue. Na outra vacina é tomado como vetor o vírus da febre amarela. Nela foi inserido o gene da proteína que está no vírus da dengue. E com isso você faz uma resposta contra o vírus da dengue”, explicou o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.

“Só que essa resposta mostrou-se menos eficaz do que a da vacina com vírus da dengue atenuado [feita pelo Butantan]. A razão mais provável para isso é que se induza a produção de anticorpos, mas a resposta celular dos linfócitos é mais fraca e, com isso, não seria tão protetora”, disse Kalil.

Segundo o médico, a vacina mexicana também não foi aprovada para crianças, já que não mostrou eficácia para faixas etárias mais baixas.

Os interessados em participar dos testes da vacina do Butantan como voluntários devem aguardar a divulgação do convite para que façam parte do estudo em sua cidade. Eles precisam se enquadrar em três faixas-etárias (2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos) e estar saudáveis. Pessoas que já tiveram dengue podem participar.

As cidades onde serão feitos os testes são: Manaus, Porto Velho, Boa Vista, Aracaju, Recife, Fortaleza, Brasília, Cuiabá, Campo Grande, São Paulo, São José do Rio Preto (SP), Belo Horizonte e Porto Alegre.

A matéria foi ampliada às 20h24