Festival do MST em BH reúne produção artística e cultural do campo

Publicado em 21/07/2016 - 21:31 Por Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil - Belo Horizonte

Mais de 160 toneladas de produtos agrícolas estão à venda no evento em estandes de trabalhadores rurais de todo o país

Mais de 160 toneladas de produtos agrícolas estão à venda no evento em estandes de trabalhadores rurais de todo o paísLéo Rodrigues/Agência Brasil 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) realiza até domingo (24), em Belo Horizonte, o 1º Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária. A programação inclui shows, filmes, mostra de poesia, exposição de artes plásticas, feira gastronômica, debates e seminários.

“É uma maneira de mostrarmos que o campo produz mais do que alimentos. Não é só trabalho que tem no campo, também tem arte e cultura” disse o coordenador do MST em Minas Gerais, Enio Bohmenberger.

A programação de hoje (21) teve a participação do líder nacional do MST, João Pedro Stédile, que participou de um debate sobre conjuntura nacional, em que fez críticas ao governo de Michel Temer e destacou a importância do festival. “A esquerda precisa fazer uma autocrítica. Nós estamos muito acostumados com o discurso. E a forma discursiva tem suas limitações para convencer mais as pessoas. Então precisamos levar o conhecimento e debater nossas ideias pela expressão da arte”, disse.

O violeiro Pereira da Viola, músico parceiro do MST, elogiou o fato de os artistas do festival não competirem entre si. “Eu já participei de festivais, inclusive já fui premiado com o primeiro lugar, mas cheguei à conclusão que não vale a pena essa concorrência. É mais interessante quando o evento não tem essa conotação de disputa e sim de confraternização.” Ao todo, 40 canções foram classificadas para serem apresentadas no festival, 20 de bandas e cantores que atuam no MST e 20 de músicos de fora do movimento.

Para Pereira da Viola, a arte deve se espelhar no trabalho realizado no campo. “Da mesma forma que o produtor agrícola precisa ter carinho com a terra, com a água e com o ambiente, um compositor também precisam se valer desses mesmos conceitos para produzir música. Ou seja, enquanto os acampamentos do MST estão preocupados em alimentar as pessoas com produtos saudáveis e sem agrotóxico, nós músicos também fazemos canções que também favoreçam à saúde espiritual”, comparou.

Atrações

Todas as atividades do 1º Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária têm entrada franca. A maior parte delas acontece no centro de Belo Horizonte, na Serraria Souza Pinto e na Praça da Estação.

Esta noite, os músicos Chico César e Titane estão entre as atrações do evento. Até domingo, também subirão ao palco o violeiro Pereira da Viola, a sambista Aline Calixto, o cantor Xangai, a dupla Zé Mulato e Cassiano e o rapper Renegado, entre outros. A mostra de poesias resultará na elaboração de livro com 60 poemas.

A feira conta com mais de 160 toneladas de produtos agrícolas. Há estandes de trabalhadores rurais de diferentes locais do país e também são vendidas comidas típicas de todas as regiões brasileiras, como feijoada, pato no tucupi, bode assado, arroz com pequi e feijão-tropeiro.

Edição: Luana Lourenço

Últimas notícias