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Justiça transforma prisão da mulher de Cabral em domiciliar

Vladimir Platonow e Flávia Villela - Repórteres da Agência Brasil
Publicado em 17/03/2017 - 16:24
Rio de Janeiro

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, determinou que Adriana Ancelmo, esposa do ex-governador Sergio Cabral, deixe o Complexo Prisional de Bangu e vá para prisão domiciliar. A decisão foi tomada nesta sexta-feira (17) pelo magistrado, que levou em consideração o fato que tanto ela quanto o marido estarem presos, o que dificulta a criação dos dois filhos menores, de 11 e 14 anos.

Adriana foi presa no dia 6 de dezembro do ano passado, acusada de fazer parte do esquema de corrupção envolvendo Cabral, que havia sido preso em 17 de novembro. Os dois foram encaminhados para Bangu.

Advogada, ela é suspeita de ter recebido dinheiro desviado de empresas de construção em seu escritório. Adriana e Sérgio Cabral foram presos na Operação Calicute, um desmembramento da Lava Jato que investigou o desvio de recursos públicos federais em obras feitas pelo governo do estado do Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o ex-governador chefiava um esquema de corrupção que cobrou propina de construtoras, lavou dinheiro e fraudou licitações em grandes obras no estado realizadas com recursos federais.

Condições

O advogado de defesa da ex-primeira dama, Alexandre Lopes, disse que Adriana Ancelmo deve estar em casa até sexta-feira (24). “O juiz impôs condições que devem ser verificadas antes dela poder ir para casa, não pode haver nenhum aparelho que ela possa se comunicar com o meio exterior”, disse Lopes. “Não pode haver internet, celular ou linha fixa de telefone. Segunda-feira devemos comunicá-lo que o apartamento estará apto a recebê-la, ele determinará uma fiscalização da Polícia Federal na residência, tão logo constatada a condição cumprida, determinará a transferência dela. Há um pequeno trâmite burocrático, por isso coloco um prazo máximo até sexta-feira”.

Os dois filhos que moram na casa não poderão portar celular em casa nem as visitas. O advogado informou que policiais poderão fazer fiscalizações esporádicas de surpresa. “Cabe a ela, sob pena de ter o benefício revogado, cumprir as determinações”. Lopes se disse surpreso com a decisão do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal, de autorizar prisão domiciliar para sua cliente. “Já havíamos pedido anteriormente e temos um habeas corpus impetrado no Superior Tribunal de Justiça com mesmo pedido,” disse, ao lembrar que a lei determina que é direito da ré, mãe de filho menor de 12 anos, a prisão domiciliar.

“Não dá para mensurar o sofrimento dessas crianças, que ficaram afastadas do pai e da mãe, independentemente do debate sobre culpabilidade, inocência, requisitos da prisão preventiva. A lei é para garantir a proteção do menor e não da mãe”. A defesa continua tentando a revogação da prisão preventiva de Adriana por entender que esta é ilegal.

Venda de joias

A defesa da ex-primeira dama negou que ela tenha comprado joias sem nota fiscal, como afirmado hoje pela diretora comercial da joalheria H. Stern, Maria Luíza Trotta, que foi ouvida nesta manhã como delatora na Operação Calicute pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal. Ela disse em seu depoimento que a joia mais cara custou R$ 1,8 milhão.

“O dinheiro é do trabalho dela, que é advogada e sócia de um grande escritório de advocacia, portanto não ganhava mal”, disse o advogado, que negou que ela tenha gasto mais de R$ 1,8 milhão em joias, como alegou a funcionária da joalheria. “Até ontem, ela [a funcionária da joalheria] era testemunha arrolada pelo Ministério Público, hoje a defesa foi surpreendida com essa mudança em que ela se torna uma delatora, sendo que o Ministério Público sabia tudo que ela responderia e teve acesso a documentos aos quais a defesa não teve acesso”.

 

Matéria atualizada às 18h28 para acréscimo de informações