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Parentes aguardam liberação do corpo de jovem morto em protesto em Pernambuco

Edwirges Nogueira - Correspondente da Agência Brasil
Publicado em 11/04/2017 - 17:36
Fortaleza

Morreu na madrugada de hoje (11) Edvaldo da Silva Alves, 19, que foi baleado por um policial militar durante um protesto no município de Itambé (PE), localizado a 87 quilômetros do Recife. Ele estava internado no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, região metropolitana da capital pernambucana, desde o dia 17 de março.

O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) e familiares do jovem aguardam a liberação para o corpo ser velado e sepultado em Itambé. “Que ele tenha pelo menos um sepultamento digno, porque ele perdeu a dignidade no momento em que levou o tiro. Foi tratado como um cachorro”, desabafou o advogado Ronaldo Jordão, que acompanha o caso representando a família.

Um vídeo divulgado na internet mostra Edvaldo sendo baleado por um policial militar durante protesto na PE-75. De bermuda, camiseta branca e boné amarelo, ele aparece próximo de dois agentes em uma discussão sobre o desbloqueio da rodovia.

Um dos policiais aponta para Edvaldo e diz: “É esse quem vai levar um tiro primeiro?” Ele ordena que o outro atire no jovem, que é atingido na coxa. Sangrando muito, Edvaldo ainda é espancado pelos agentes e colocado dentro da caçamba de uma viatura da Polícia Militar.

O tiro atingiu a veia femoral de Edvaldo, que foi submetido a procedimentos para estancar sangramentos e a hemodiálise. Segundo boletim do Hospital Miguel Arraes, o paciente apresentou piora clínica na tarde de ontem (10) e morreu às 0h14 desta terça-feira.

O governo de Pernambuco divulgou nota em que lamenta a morte do jovem e informa que o caso está sendo apurado e que os policiais envolvidos estão sob investigação. “O governo reafirma o seu firme compromisso de desautorizar e impedir qualquer abuso de força por parte das polícias do estado”, diz a nota.

A Secretaria de Defesa Social, também por meio de nota, informa que foi dado início à fase de coleta de provas, perícias e declarações dos policiais. Eles estão afastados das atividades de policiamento enquanto respondem a processos administrativos instaurados na Corregedoria da secretaria.

Jordão explica que aguarda a finalização dos laudos referentes ao atendimento feito no hospital e no IML para embasar processo cível de tortura e pedido de indenização à família. Além disso, ele explica que o Ministério Público Estadual abriu procedimento para investigar denúncias de ameaças contra uma testemunha do caso e contra o irmão de Edvaldo, o auxiliar de serviços gerais José Roberto da Silva.