Empresas doam 100 fuzis e 100 mil munições para intervenção no Rio de Janeiro
A empresa Taurus e a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) doaram hoje (20) 100 fuzis e 100 mil munições para a intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro. Os artigos serão repassados às secretarias estaduais de Segurança Pública e de Administração Prisional, que decidirão como os armamentos serão empregados. Por serem armas apropriadas para uso em ações mais complexas, gaeralmente são destinadas para uso policial e militar e emprego urbano.
De acordo com Salésio Nuhs, presidente da Taurus, o valor comercial dos artigos doados é estimado em R$ 1,5 milhão. "Foi uma decisão dessas duas empresas estratégicas de defesa. Nós sentimos na obrigação, como empresas brasileiras, de colaborar com o Exército nessa intervenção no Rio de Janeiro, para melhoria da segurança pública", disse.
Embora as polícias do Rio de Janeiro ainda não possuam fuzis da marca, Nuhs disse que o armamento é usado por forças de segurança em outros estados. A arma, de calibre 5,56 milímetros, foi lançada pela Taurus no meio do ano passado. Sua plataforma, porém, existe desde a década de 1960 e é usada por exércitos de aproximadamente 15 países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e por forças de segurança em mais de 80 países. "É uma uma arma leve, com menos de três quilos e capacidade para 30 munições, destinada para uso policial e militar e emprego urbano", descreveu o presidente da Taurus.
A doação ocorreu durante uma cerimônia rápida com a presença do interventor federal, general Walter Braga Netto. O cerimonialista convidou Salésio Nuhs para entregar simbolicamente um dos fuzis e, pouco mais de um minuto depois, o evento terminou. O general Braga Netto saiu sem falar com a imprensa.
O porta-voz do Gabinete de Intervenção Federal, coronel Roberto Itamar, descartou preocupações com a qualidade das armas doadas. No ano passado, após a Polícia Civil ter enfrentado problemas com pistolas da marca Taurus, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) determinou a realização de uma auditoria. "O fuzil não tem qualquer ligação técnica com as pistolas", disse Roberto Itamar.
Este é o segundo anúncio feito no mês envolvendo um incremento do armamento das forças de segurança no Rio de Janeiro. No início do mês, o Exército informou que autorizou o repasse à Polícia Civil do estado de 15 fuzis AR-10, apreendidos em uma operação no Aeroporto do Galeão, em junho do ano passado.
O coronel informou ainda que a PM poderá receber o reforço de novos veículos blindados. "Alguns carros da própria PM já estão sendo recuperados pelo Exército e há a possibilidade de se aportar mais alguma coisa. Provavelmente até o final desse mês, teremos alguma notícia com relação a isso".
Vila Kennedy
O coronel Roberto Itamar também informou que a avaliação interna do trabalho realizado, até o momento, na Vila Kennedy é positiva. A comunidade da zona oeste da capital fluminense está sendo usada como laboratório da intervenção. As primeiras ações, de retirada de barricadas, teve início no dia 23 de fevereiro.
Na manhã de hoje (20), o Comando Militar do Leste (CML) confirmou que os militares devem deixar a Vila Kennedy no prazo de duas a três semanas.
De acordo com o porta-voz, a PM já vem reassumindo aos poucos o papel de policiamento ostensivo na comunidade. "Mas o Exército não vai virar às costas para a comunidades", acrescentou.
O coronel também comentou a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. "O gabinete acompanha as investigações e tem confiança de que num prazo muito próximo teremos notícias e esse crime será desvendado".