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Rio: segurança vai focar em 637 locais de votação dominados pelo crime

As áreas concentram 1,787 milhão de eleitores
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil 
Publicado em 14/08/2018 - 17:11
Rio de Janeiro

O reforço das tropas federais e da intervenção no Rio de Janeiro durante as eleições terá como foco 637 locais de votação que estão em áreas sob influência de organizações criminosas. O número corresponde a 12,76% do total e concentra 1,787 milhão de eleitores, ou 14,6% do total. A informação foi dada hoje (14) pelo secretário de Estado de Segurança, general Richard Nunes, que apresentou o levantamento na palestra Segurança e A Normalidade das Eleições, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Segundo ele, a coalizão eleitoral, que reúne diversos órgãos mensalmente para discutir o pleito, fez o georreferenciamento dos 4.993 locais de votação do estado para “saber onde está o problema”, em parceria também com o Instituto de Segurança Pública (ISP), que faz a mancha criminal por região e as zonas eleitorais.

“Nós vamos estar efetivamente no terreno, isso é fundamental. Ter a informação, ir ao terreno e agir na ponta. Para o processo eleitoral propriamente dito, com a ativação do gabinete de crise, não há porque se preocupar com a prática do voto em si. A preocupação maior, que é da questão investigativa, é para coibir o financiamento de campanhas por facções criminosas e por outras instâncias que possam influenciar no processo eleitoral”, disse Nunes.

Força Nacional Morro Santo Amaro
Durante as eleições, segurança será reforçada em 637 locais de votação sob influência de organizações criminosas - Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Segundo ele, operação para coibir roubo de carga será iniciada na próxima semana, o que deve interferir no financiamento das facções.

O presidente do TRE, desembargador Carlos Eduardo da Rosa da Fonseca Passos, informou que está estudando, com outros colegas do tribunal, a possibilidade da concessão da tutela antecipada de evidência para os casos de comprovação de candidatos eleitos que tenham relação com organizações criminosas.

“Significa que, caso haja uma ação do crime organizado em que se consiga obter uma prova de evidência, que não permita uma resposta do réu em ações judiciais, essa medida será decretada para impedir o exercício do mandato. Não será de forma nenhuma uma interferência indevida na vontade do eleitor, porque nesses casos a vontade do eleitor está viciada por conta do abuso do poder”.

Ele disse também que vai solicitar a criação de um grupo de trabalho para acompanhar os candidatos que tiveram mais votos nas áreas conflagradas. “Vou submeter a proposta da criação de um grupo de trabalho que irá funcionar logo após as eleições, integrado por esses membros da coalizão, para que nós confrontemos o número de votos obtidos por determinados candidatos em áreas conflagradas, para que essa tutela de evidência possa ser decretada”.

Segundo Fonseca Passos, em 2016, foram registradas mais de dez mortes de pré-candidatos a vereador. Este ano, não há registro. “Não houve até o momento nenhuma ação ostensiva do crime organizado que envolvesse o processo eleitoral”, afirmou o desembargador.