Clube de engenharia do RJ faz grupo de trabalho para estudar barragens

Publicado em 01/02/2019 - 16:12 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O Clube de Engenharia do Rio de Janeiro criou um grupo de trabalho para discutir a questão das barragens no Brasil. Liderado pelo engenheiro Frances Bogossian, o grupo de trabalho teve reunião fechada esta semana e está produzindo documento com o posicionamento do Clube sobre o rompimento da Barragem 1 da Mina Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho (MG) e o problema do alto risco da maioria das barragens no país.

No último sábado (26), um dia depois da ruptura da barragem em Brumadinho (MG), o Clube de Engenharia, a Academia Nacional de Engenharia (ANE), a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) e o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) divulgaram em nota conjunta a preocupação das entidades com a segurança de barragens no país.

Fundado em 1880, o Clube de Engenharia é a mais antiga sociedade de engenheiros e demais profissionais de nível superior registrados nos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura (CREAs) da América Latina.

Mortes e perdas

O Clube de Engenharia participou da elaboração da Lei Federal 12.334, de 20 de setembro de 2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos e à disposição final ou temporária de resíduos industriais.

“Entretanto, mortes e perda de patrimônio público e privado continuam a ocorrer. A ruptura da barragem de resíduos de Mariana (MG), o maior desastre ambiental ocorrido no país até então, não levou o Poder Público Federal, nem os estaduais, a mudarem de procedimento, para que passassem a exigir dos proprietários de barragens o rígido atendimento aos protocolos de operação, de manutenção e de mitigação de riscos”, criticam as entidades na nota.

Elas consideram “chocante” a ruptura da barragem em Brumadinho, “porquanto há

pouco mais de um mês as autoridades ambientais de Minas Gerais haviam autorizado a Vale a expandir suas operações na região, e considerado segura a barragem que ruiu. É necessário, pois, apurar as responsabilidades técnicas, de profissionais das áreas pública e privada, para retirar os ensinamentos do ocorrido e tomar providências para que não mais ocorram”.

Previsibilidade

O Clube de Engenharia afirma que esses acidentes poderiam ser evitados com a correta manutenção das barragens de rejeitos, que são estruturas que exigem atenção permanente. “Barragens de rejeitos são estruturas construídas em paralelo com a fase de operação. Controlar a segurança, nesse caso, é um desafio para os sistemas de gestão de risco, devido à combinação de fatores operacionais”.

As entidades destacam também a existência do fator chuva e advertem que no Brasil, onde há com frequência precipitações pluviométricas intensas, é fundamental controlar o nível d’água nos reservatórios, para que o volume adicional trazido pela chuva “não faça com que aquele nível se aproxime do topo, chamado de crista da barragem”.

Segundo a nota das entidades de engenharia, são muitas as causas possíveis para uma ruptura de barragem. Elas podem ser operacionais, por deficiência no monitoramento, por reservatórios com capacidade insuficiente para volumes excessivos de água, por vertedouro construído em etapas e não permanentemente, por erosões no pé da barragem, entre outras.

As entidades se colocaram à disposição das autoridades públicas envolvidas com a catástrofe de Brumadinho, “na busca de soluções que permitam tranquilizar a sociedade, traumatizada pela sucessão de acidentes, infelizmente previsíveis”.

Edição: Sabrina Craide

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