SP: palmeiras australianas em parque são trocadas por espécies nativas

Espécies exóticas invasoras comprometem biodiversidade local 

Publicado em 10/09/2019 - 16:09 Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência Brasil - São Paulo 

Maior responsável por uma invasão biológica no Parque Trianon, na Avenida Paulista, em São Paulo, a seafórtia (Archontophoenix cunninghamii), também conhecida como palmeira-australiana ou palmeira-real, será removida do local a partir desta terça-feira (10). A invasão biológica ocorre quando plantas exóticas (não nativas de uma localidade e, geralmente, vindas de outros países) comprometem a flora original e oferecem riscos à biodiversidade (por isso são chamadas de invasoras).

A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente fez diversos estudos no local, envolveu a sociedade civil e promoverá a substituição gradativa da palmeira seafórtia no interior do Parque Trianon por mudas nativas da Mata Atlântica.

“As novas espécies serão plantadas já no tamanho ideal, cerca de 1,80 metro, com DAP 5 [diâmetro à altura do peito], que é o diâmetro do tronco. Depois é só fazer o acompanhamento. Elas serão monitoradas durante dois anos ou mais”, explicou a diretora de Gestão de Parques Urbanos da secretaria, a bióloga Deize Perin.

A decisão da secretaria em realizar ações para o controle da espécie invasora segue uma solução dada diante de situação semelhante ocorrida na vegetação de Mata Atlântica da Cidade Universitária (campus da Universidade de São Paulo- USP). Os cientistas do Instituto de Biociências pesquisaram o fenômeno e concluíram que a espécie invasora provocava prejuízos à flora nativa. Em 2011, as seafórtias da USP foram substituídas por 120 espécies nativas de Mata Atlântica.

Parceria

A secretaria consultou parceiros como a SOS Mata Atlântica, universidades e comunidade para conduzir a ação, que prevê a conscientização da comunidade para a reposição das perdas vegetais e consequente retirada das plantas, além do controle da invasão biológica em andamento.

O projeto inclui o controle/erradicação da palmeira seafórtia, o levantamento quantitativo de aves (feito em 2018 em todos os 107 parques municipais) e o plantio de novas espécies arbóreas e palmeiras nativas.

De acordo com a diretora, serão retiradas cerca de 700 palmeiras e o trabalho ocorrerá durante dois anos. “É feita a retirada de um lote, depois o plantio, e depois segue para o outro lote, com cuidado para não ter nenhuma injúria nas outras espécies que estão ao redor. Será feito o enriquecimento de cerca de 85 espécies de Mata Atlântica, de preferência aqui de São Paulo”.

 Retirada das palmeiras australianas, espécie não nativa da mata atlântica, do Parque Trianon.
Retirada das palmeiras australianas no Parque Trianon - Rovena Rosa/Agência Brasil

Manejo da vegetação

A seafórtia provoca muitos danos ambientais, devido ao seu crescimento rápido, à intensa competição com outras plantas e à sua sombra excessiva, o que prejudica a germinação das espécies nativas. Suas sementes possuem menos nutrientes que as de palmeiras nativas, como por exemplo, o palmito-juçara e o jerivá e as aves que as consomem contribuem para disseminá-las ainda mais. O empobrecimento de flora também traz riscos às 57 espécies de animais silvestres locais, sendo dez invertebrados, um anfíbio, 39 aves e sete mamíferos.

O projeto prevê o manejo da vegetação com substituição das exóticas por espécies nativas e o preenchimento do sub-bosque, entre solo e copas, com plantas atrativas à fauna. Epífitas, como bromélias e orquídeas, também contribuirão para atrair novas espécies da fauna.

Segundo a secretaria, as ações permitirão a preservação do remanescente de Mata Atlântica do Parque Trianon, permitindo que seja um refúgio e fonte de alimentação saudável para a fauna silvestre.

 “Estamos fazendo esse enriquecimento para dar continuidade para esse remanescente de Mata Atlântica. É um parque que tem muitas espécies, e a gente precisa mesmo fazer esse controle para não perder o que tem. Faremos o enriquecimento também para a fauna. Existe uma fauna importante nessa região e estaremos ofertando mais nutrientes e biodiversidade para os animais”, disse a bióloga.

Edição: Fábio Massalli

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