Witzel diz que Cedae falhou por não usar carvão ativado há mais tempo

Para o governador, crise dá água no RJ teve "alarmismo"

Publicado em 23/01/2020 - 16:37 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Nova Iguaçu (RJ)

O governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel afirmou que houve falha da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) por não ter aplicado há mais tempo o método de carvão ativado na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. 

O carvão ativado começou a ser usado hoje (23) pela Cedae como parte do para tratamento da água, depois de os cariocas sofrerem por semanas com água de coloração turva, mau cheirosa e com gosto de terra. 

Em entrevista coletiva na ETA Guandu, Witzel disse que houve um alarmismo, que não identificou de quem partiu, sobre a qualidade da água e que acabou causando preocupação na população, enquanto em nenhum momento a água tenha ficado imprópria para o consumo. “Nunca, desde o momento que tivemos esse alarmismo, a água ficou imprópria para o consumo”, assegurou.

O governador afirmou que a aplicação do carvão ativado passará a ser permanente e que esta é uma medida em caráter emergencial para reduzir o cheiro e a turgidez da água e evitar que novos episódios deste tipo ocorram.

Witzel adiantou que para médio e longo prazos serão adotadas outras medidas. Uma delas é a transposição dos rios Poços, Ipiranga e Queimados, que deságuam na área de captação da ETA Guandu e trazem esgoto in natura, dificultando o tratamento da água. Esse projeto vai custar cerca de R$100 milhões, deve começar ainda neste semestre e pode levar dois anos e meio para ser concluído. “Nós vamos apurar porque esta obra não foi realizada em gestões anteriores e a razão de que poderia ter sido orientada a Cedae e o governo de que a obra era necessária”, indicou.

Além disso, segundo o governador, até 2021 haverá o investimento de R$ 700 milhões na modernização da ETA Guandu. Desse total, R$ 120 milhões serão aplicados ainda este ano. Witzel informou ainda que o governo está finalizando o projeto para a construção de Guandu 2, estimado em R$ 1,5 bilhão. 

Indenizações

Witzel destacou que não há possibilidade da Cedae aplicar descontos nas contas dos consumidores porque é uma empresa de capital fechado, submetida às regras de mercado e não houve comprovação por meio dos laudos de que a água estava imprópria para o consumo.

“A empresa só pode tomar uma decisão dessa se fosse identificado que ela diretamente foi responsável por algum fato que pudesse ter causado a impossibilidade de consumo da água. A água nunca esteve impossibilitada de ser consumida e geraram informações controversas, cujas fontes não são oficiais e as pessoas consumiram água mineral”, apontou.

Apesar da justificativa, o governador disse que vê “poucas possibilidades de êxito” em recursos na justiça em busca de indenizações porque seria analisado o peso do alarmismo, segundo ele, indevido, que causou transtornos à população.

Sabotagem

Witzel reafirmou que a possibilidade de sabotagem na Cedae está sendo investigada. De acordo com ele, não se pode afastar essa hipótese porque há muitos interesses em jogo com o processo de concessão da empresa, cujo leilão, conforme informou, deve ocorrer no fim de setembro ou início de outubro.

Visita

O governador fez hoje (23), no início da tarde, uma visita técnica à Estação de Tratamento de Água do Guandu para acompanhar o início da aplicação do carvão ativado na água que seguirá para o abastecimento da capital fluminense e de mais seis municípios. Ele estava acompanhado do presidente da Cedae, Hélio Cabral; do chefe da Estação Guandu, Pedro Ortolano; do presidente da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa), Luigi Eduardo Troisi e do secretário de Governo, Cleiton Rodrigues.

Witzel chegou ao local sob forte esquema de segurança e enquanto fazia a visita policiais armados de fuzil estavam postados na porta da estação. Ao fim da coletiva o governador disse que consome água da Cedae e bebeu um copo de água de uma jarra que estava sobre a mesa da entrevista.

Edição: Aline Leal

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