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Governador do Amazonas diz que pico de covid-19 deve acontecer em maio

Estado registra quase 2,5 mil casos de covid-19 e mais de 200 óbitos
Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 23/04/2020 - 16:03
Brasília
Um profissional de saúde realiza um teste finalizado em um local de testes de coronavírus fora dos Serviços Comunitários de Saúde Internacionais no Distrito Internacional de Chinatown durante o surto de doença por coronavírus (COVID-19) em
© REUTERS / Lindsey Wasson/direitos reservados

O governador do Amazonas, Wilson Lima, disse hoje (23) que, apesar do alto número de casos, o pico da epidemia do novo coronavírus no estado deve ocorrer na primeira quinzena de maio. Lima participa de uma videoconferência realizada pela comissão externa da Câmara dos Deputados para acompanhar as ações de combate ao coronavírus no país. O estado já registrou 2.479 casos de covid-19, com mais de 200 óbitos.

Durante a participação, Lima ressaltou que cerca de 90% dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) dedicados a pacientes com o vírus estão ocupados, e disse que o estado precisa com urgência da ajuda do governo federal e da iniciativa privada para a compra de respiradores, equipamentos de proteção individual (EPIs), como máscaras, e também de profissionais de saúde para atender à população.

“O quadro aqui é muito delicado. O que tem acontecido e o que está por vir nos próximos dias nos acende um sinal de alerta muito forte. Daí [vem] a necessidade de termos ajuda federal e da iniciativa privada, todas as ajudas”, disse Lima. “Estamos aqui trabalhando no nosso limite e vamos ampliando as estruturas na medida em que vamos recebendo equipamentos, insumos”, acrescentou o governador. Lima ressaltou ainda que o estado também enfrenta problemas em razão de um surto da gripe H1N1 em decorrência do período de chuvas.

Além da capital, Manaus, o estado registra casos de covid-19 em mais de 30 cidades. De acordo com o governador, a expectativa é que o pico atinja primeiramente a capital e em seguida as cidades do interior. Lima afirmou ainda que tem conversado com os prefeitos para intensificar as medidas de isolamento social e impedir o trânsito entre as cidades do estado, em especial, naquelas próximas a comunidades indígenas.

“Não tem outro caminho que não seja o isolamento social para que se possa quebrar a transmissão do vírus. Não tem vacina ou outro tratamento com eficiência comprovada”, disse. “A gente está se preparando para esse momento e ainda tem um tempo em relação ao interior de 10 a 15 dias”, afirmou.

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, também participou da videoconferência e falou sobre a situação da pandemia na capital. Virgílio disse que o município, que tem mais de 90% dos leitos de UTI disponibilizados para pacientes com o vírus ocupados, também precisa de equipamentos, pessoal especializado e EPIs para aumentar o atendimento.

Equipamentos

Segundo o prefeito, o governo sinalizou a entrega de alguns equipamentos. Mas outros aparelhos de uso essencial, como tomógrafos, não foram recebidos. Esses aparelhos poderiam ajudar no direcionamento dos casos considerados mais graves. “O vírus corrói o pulmão com uma rapidez que, às vezes, a máquina burocrática não aprendeu a andar na mesma velocidade”, disse Virgílio. “Precisamos depressa, para evitar uma procura demasiada em cima da rede que está exaurida, 96% e 100% são quase sinônimos”, afirmou.

Virgílio disse ainda que uma parcela das pessoas não está seguindo o isolamento social e falou em aglomerações em alguns pontos da cidade. Segundo o prefeito, diante da possibilidade de pico nos casos de coronavírus, o município não tem condições de reabrir as atividades econômicas.

“Fazemos um esforço danado para conservar as pessoas em casa e essas aparições do presidente [Jair Bolsonaro] dizendo que não há perigo em ir para rua, elas desmobilizam. Nós entendemos que Manaus não tem a menor condição de abrir completamente para a atividade econômica, porque mais pessoas vão adoecer e procurar os hospitais que já estão lotados”, concluiu.