Farc e ELN anunciam cessar-fogo no período eleitoral na Colômbia
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) – as duas maiores e mais antigas guerrilhas em atividade na Colômbia – anunciaram hoje (16) um acordo conjunto de cessar-fogo unilateral a partir da próxima terça-feira (20) até o dia 28 de maio. A decisão foi tomada por causa das eleições presidenciais previstas para o dia 25 de maio.
“Ordenamos cessar qualquer ação militar ofensiva por parte das Farc ou ataques contra a infraestrutura a partir da 0h da próxima terça”, anunciou hoje (16) Pablo Catatumbo, um dos delegados da Farc que participam da negociação de paz com o governo do país, em Havana, Cuba.
Apesar do anúncio do cessar-fogo, no comunicado lido por Catatumbo, as Farc afirmaram “não acreditar” no regime eleitoral colombiano. “Pensamos que [as eleições no país] sofrem com a corrupção, o clientelismo, a fraude e a manobra suja que conduz a todo tipo de ilegitimidade dos resultados”, destaca o texto divulgado pela guerrilha.
Catatumbo também lembrou que as Farc decretaram cessar-fogo unilateral em duas ocasiões desde que foi iniciado o processo de paz: de dezembro de 2012 a janeiro de 2013 e no final do ano passado. “Lamento que, apesar desse nosso gesto de paz [cessar-fogo], que tivemos em várias oportunidades, o governo não tenha agido da mesma forma.”
O governo colombiano não suspendeu operações contra as Farc em nenhum momento, desde que o processo de paz foi iniciado, alegando que a ofensiva militar é um instrumento de “pressão” para que o diálogo possa haver diálogo.
O texto foi assinado pelas Farc e por Nicolás Rodríguez Bautista, chamado de Gabino, atual chefe do ELN.
De acordo com presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e com o próprio ELN, desde o ano passado o governo e a guerrilha negociam uma agenda para iniciar um processo pelo fim do conflito, semelhante ao que vem sendo executado com as Farc.
Em agosto do ano passado, o presidente havia afirmado que estava “pronto para negociar” com o ELN e que as conversas de aproximação levariam o país a um eventual diálogo. Na época, a imprensa colombiana fez especulações de que um anúncio do início do processo estaria próximo. Na época, a guerrilha também enviou mensagens e comunicados nesse sentido, mas posteriormente não houve avanços.